quarta-feira, 26 de agosto de 2015

True Bypass ou Bypass eletrônico?


True Bypass ou Bypass eletrônico?
Por muito tempo acompanhei ferrenhas discussões de guitarristas, técnicos, construtores ou apenas admiradores do assunto e, na maioria das vezes, pude ver o True Bypass ser idolatrado quando comparado aos outros tipos de Bypass. Mas antes de mais nada, vamos a um pouquinho de história:

Os primeiros tipos de Bypass para efeitos que apareceram eram usados nos efeitos que já vinham nos amplificadores, como Reverb e tremolo. Esses tipos de bypass eram usados basicamente para “parar” o funcionamento da parte do circuito responsável pelo efeito. Por exemplo, no caso do reverb, a chave usualmente aterrava a entrada ou a saída do tanque de reverb.

Ibanez Tube Screamer - Buffered Bypass

Tube Screamer – Apesar de ser um dos mais famosos e usados pedais do mundo, é muito comum encontrarmos guitarristas que requisitam modificações nos seus TS para deixá-lo True Bypass, será se vale a pena?
Quando os pedais se tornaram largamente populares, a partir da metade da década de sessenta, o esquema usado para desligar os efeitos era bastante parecido com aqueles usados nos bons e velhos amplificadores, no entanto, a maioria dos pedais daquela época (Vide os Wah’s fabricados na década de setenta) tinham uma impedância de entrada muito baixa, o que, somada a também baixa impedância dos captadores das guitarras é responsável pela considerável perda de sinal (tone sucking) que alguns desses pedais causam. E para que houvesse a resolução desses problemas o mundo se dividiu em dois tipos principais de Bypass: O Bypass com Buffer e o True Bypass. Vamos falar um pouco das vantagens, desvantagens e usos recomendados para cada um desses tipos de Bypass.

( Nesse site tem alguns esquemas : www.geofex.com )

Bypass com Buffer:

Esse tipo de Bypass surgiu a partir da necessidade de termos impedâncias maiores para que a perda de sinal fosse minimizada o máximo possível. Aliada à alta impedância da entrada, temos também uma baixa impedância na saída permitindo que o sinal saia sem nenhuma perda. Por esse motivo o bypass com Buffer é extremamente versátil e silencioso, sendo possível o uso com os mais variados tipos de efeitos. Não é à toa que empresas como Boss, Ibanez, Line 6 optaram por esse tipo de Bypass.
Overdrive Boss SD-1
Overdrive Boss SD-1 – Pedais da Boss utilizam largamente chaveamento eletrônico
Esse tipo de Bypass é feito a partir de um chaveamento eletrônico, normalmente usando-se fets. Normalmente isso causaria uma perda considerável de sinal comparando-se a saída a entrada. Dessa forma entra em cena o Buffer, que é responsável por, de certa forma, recuperar o sinal perdido durante o chaveamento. Por causa disso os pedais com chaveamento usando Buffer funcionam muito bem em grandes cadeias de pedais.
Nesse tipo de circuito a possibilidade de termos POP ou algum outro som estranho durante o chaveamento é quase nula, no entanto, quando não está sendo alimentado o sinal não irá passar pelo pedal de jeito nenhum, ou seja: Muito cuidado com as fontes com mal contato quando estiver usando um desses.
A mesma estrutura de Buffer usada nos pedais, pode ser montada separadamente para ‘recuperar’ e dar uma reestruturada no sinal de uma cadeia longa de pedais, onde, independente do chaveamento usado, provavelmente acontecerão perdas de sinal.
True Bypass:
Ao longo dos anos, o True Bypass se tornou o tipo de chaveamento mais buscado, propagandeado, falado e idolatrado entre os guitarristas em geral. Nesse contexto, os construtores de pedais aproveitaram para colocar esse tipo de chaveamento em um altar e sempre vincular os seus produtos a tal característica. Obviamente, ele não seria tão bem falado se não tivesse boas características e é sobre ela que vamos falar agora:
Dunlop Fuzz Face
Dunlop Fuzz Face – Um dos mais famosos pedais de Fuzz da história foi um dos maiores responsáveis pela criação do True Bypass
O circuito que é construído com chaveamento True Bypass tem a grande vantagem de, quando o efeito está desligado, o sinal não percorrer a placa do circuito. Dessa forma a única possibilidade de perda de sinal quando os efeitos estão desligados são os fios que ligam as entradas e saídas dos pedais, os cabos que interligam tais pedais e os cabos para ligá-los ao amplificador e ligar a guitarra aos pedais. Como funciona:
O True Bypass funciona basicamente a partir de uma chave que, quando acionada, direciona a entrada e saída do pedal para a placa, de maneira que o efeito seja totalmente conectado às entradas e saídas e seja alimentado. Quando você pisa na chave e desliga o pedal, as duas pontas, entrada e saída, apontarão uma para a outra, fazendo uma ligação direta e, além disso, aterra o efeito na placa de maneira que o mesmo não fique consumindo energia da sua bateria ou fonte.
A desconexão total do pedal, apontando a entrada diretamente para a saída sem que a saída fique conectada ao pedal e ainda ‘desligando’ a placa impede que haja alguma interferência ou algum “vazamento” de sinal (conhecido como bleeding de sinal).
Quando comparamos os dois tipos de chaveamento nós chegamos a muitas vantagens e desvantagens. Muitos acreditam que o fato de, nos pedais com chaveamento eletrônico e buffer, pelo fato de o sinal passar pela placa o som pode ser “colorido”. Isso é totalmente razoável. Um sistema de chaveamento que não for corretamente projetado e testado pode interferir muito no som do seu pedal. Podemos confirmar isso testando pedais de algumas marcas muito populares e de preços bem baixos que prometem pedais com mesmas características de vários famosos. Além do projeto, isso pode ser devido ao fato de algumas marcas teimarem em usar componentes de qualidade muito duvidosa, mas isso já é assunto para um tópico no futuro próximo.
No entanto, nem tudo são flores. Nos pedais que usam True Bypass, nós podemos nos deparar com um problema um pouco mais complicado para identificarmos o motivo. Como falamos anteriormente, nos efeitos que usam chaveamento True Bypass, quando o pedal está desligado o sinal vai direto da entrada para a saída. No entanto, ele não vai direto via mágica, ele é conduzido por algum tipo de condutor (claro!) normalmente um fio e passa pelos conectores. Quando temos uma grande cadeia de pedais, temos necessariamente alguns metros desses fios que, como devemos imaginar, geram por si só alguma perda de sinal (perda de sinal em cabos), somados aos vários metros de cabo que usamos para conectarmos aos pedais e conectá-los ao amplificador, nós teremos uma quantidade bastante considerável de condutor que, por não ser perfeito ou ideal, geram perda.
Isso gera uma questão interessante. Supondo que você tenha uma grande cadeia de pedais e todos são True Bypass, além disso você usa cabos de tamanho relativamente grande para fazer as conexões. Isso tudo somado a uma guitarra que tem captadores com baixa saída e alta impedância, será possível notar uma perda considerável de volume e uma ainda maior nos agudos. Nesse momento você vai lá, equaliza todo o seu amplificador e compensa o volume até achar um timbre e volume que estão próximos do que você procura, mas a questão é: Quando você ativar um dos pedais, ele irá, na maioria dos casos agir como um buffer e irá “corrigir” o sinal da guitarra e das saídas dos outros pedais. Dessa forma você fica a mercê da ativação dos outros pedais que podem, o tempo todo alterar a sua configuração e timbre e volume.
Pedal de Buffer fabricado pela Lovepedal
Line Driver – Lovepedal Buffer
Você deve estar se perguntando: Então quer dizer que o True Bypass não é um bom negócio?! – Não é bem assim, no True Bypass de fato você não alterará o seu som com o pedal desligado, mas devemos considerar que isso se mantém verdade quando você considera apenas um pedal separadamente. Quando usando uma grande cadeia de pedais True Bypass pode ser uma ótima idéia usar um buffer de sinal no final da cadeia ou, em casos de sets gigantes, colocar um no meio da cadeia e outro no final.

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