segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Aumentando a sua Capacidade de Aprendizado











  • Você deve aprender sem estar com o  instrumento. Não limite o seu tempo de aprendizado ao tempo que você tem o instrumento em mãos. Ser músico profissional é uma escolha de vida. Você não é músico apenas quando está cantando, compondo ou tocando seu instrumento. Se você escolheu ser músico deverá sê-lo 100% do tempo. A música não vai ser apenas o seu ganha pão, mas uma maneira de viver a vida por essa  ótica.
  • Não espere ter uma boa técnica para começar a desenvolver a musicalidade. A sua musicalidade é a capacidade de interpretar a realidade a sua maneira e transformá-la em sons com os recursos que você tem. Música é uma forma de comunicação que só acontece enquanto está soando, mesmo com seus silêncios. Todo o resto é teoria, conceitos, idéias etc. Exercite tocar melodias, acordes, riffs etc. com elegância, graça e beleza. Sempre. Não pense nos movimentos musculares que aquela ação exige. Pense que aquilo deve te conectar e comunicar com o público.
  • Você nunca saberá tudo. Tenha a humildade de saber que sempre haverá algo novo para aprender, “trazer pra junto de si”.
  • Sempre haverá alguém que sabe mais do que você. Não sinta-se diminuído por este inevitável fato. Sinta-se estimulado e procure aprender com os outros. Entenda: o seu conhecimento ajuda a compor o que você é e, o seu diferencial está no que você é e não no quanto você sabe.
  • Tenha uma postura ativa. Não espere que o conhecimento chegue até você. Você deve ir atrás do conhecimento. O professor não é capaz de discernir o que será relevante para a sua formação. Este “filtro” só pode ser feito por você mesmo. Se um assunto lhe parece desinteressante, pergunte e questione o professor até que aquilo lhe sirva. Para nós professores tudo pode parecer relevante.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Hábitos para ser um bom Músico




Todo guitarrista gasta inúmeras horas de prática solitária em seu quarto de estudo. Claro que isso é ótimo, mas dizem por aí que quanto mais horas de prática, melhor será o guitarrista! Não é bem assim, as horas gastas em estudo devem ser bem utilizadas, pois para bem ou mal, os hábitos de estudo solitário vão aparecer quando o guitarrista estiver no palco em frente ao público. O que devemos fazer então para ter bons hábitos de estudo?
Não é uma pergunta simples e a resposta não será igual para todos, mas abaixo tento ilustrar  7 hábitos para ser um bom guitarrista .
Hábito 1: Estudo inteligente
Muitas vezes assistimos nossos ídolos executando solos ou partes rítmicas complexas como se fossem simples, sem errar nenhuma nota ou tempo! Como isso é possível?
O guitarrista inteligente usa o seu tempo de prática para estudar partes complexas até tornar sua execução perfeita. Isso pode levar centenas de horas de estudo consciente. Eu chamo isso de “Estudo inteligente”. Se você está com dificuldades no quarto de estudo, estará em apuros no palco. Essa lógica é simples, você deve estar 120% quando estuda para render 100% em publico. Escolha um material de estudo que seja desafiante, mas não impossível, estude em velocidade lenta por um bom tempo e com metrônomo, aumente a velocidade gradativamente, sem pressa. Os primeiros estudos talvez levem semanas, mas esse processo vai se tornar cada vez mais rápido. Se você é um músico de nível intermediário, por exemplo, escolha um exercício ou solo que te desafie e estude diariamente, mas não pode ser algo impossível para seu nível. Eu lembro que quando decidi estudar guitarra seriamente, escolhi uma música do Dream Theater para começar, pois achei que o Petrucci executava tão facilmente que eu poderia também fazê-lo com estudo. Bom, nem preciso dizer que foi frustrante. Anos depois voltei a mesma música e consegui executar como gostaria.
A regra para o hábito 1 é: Quanto mais lento você estudar mais rápido vai evoluir.
Hábito 2: Acentuação e Expressividade
Imagine alguém que fale todas as palavras com a mesma entonação em um discurso de 2 horas… Realmente vai ser muito chato mesmo que o assunto seja interessante. Isso acontece na música também. O guitarrista não deve executar todas as notas ou frases da mesma forma, ou seja, com a mesma intensidade ou técnica. Isso tornaria o “discurso musical” chato, mesmo que a música seja boa. Tudo que o guitarrista executa deve ser pensado em termos de dinâmica, mesmo quando você está em aquecimento. Por exemplo, sempre faça os tempos fortes com mais força de palheta e tente identificar os contratempos. Responda dinamicamente às progressões harmônicas. Música é 100% relaxamento e tensão, portanto isso deve estar na sua forma de tocar.
Se você não estuda dessa forma, não executará dessa forma no palco! Faça disso um hábito de prática e isso vai aparecer naturalmente em sua performance musical. Deixe isso de lado e você será com certeza um músico sem expressão!
Como estudar isso? Um primeiro passo é estar sempre atento os tempos fortes da música e entender o contexto harmônico e melódico. Por exemplo, um solo pode ter várias partes e cada uma delas com diferentes expressividades: triste, alegre, ansioso etc… Tente passar esse sentimento para seu estudo musical. Aprender as notas é somente o primeiro passo quando aprendemos uma música. Você tem que passar algum sentimento para o ouvinte, ou com certeza seu publico será muito pequeno não importa o tipo de música que você toque!
A regra para o hábito 2: Música é expressão. Tenha isso em mente enquanto pratica em seu quarto.
Hábito 3: Precisão
Imagine a seguinte situação: Tenho que aprender uma nova música para minha banda, passo pelas partes rapidamente até ter uma ideia de toda a música. Muitas partes são difíceis e a execução é bem ruim, mas no geral consigo tocar toda a música. Nesse momento não estudo mais e vou para o ensaio ou até mesmo para a apresentação em público. O resultado vai ser ruim e pior que o estudo, devido à regra dos 120% solitário para 100% em público.
Você tem que perder o hábito ruim de fazer tudo correndo pelo hábito da precisão. Seja eficiente e preciso no estudo, toque todas as partes de um novo material com precisão. Só existe um caminho para isso: diminua a velocidade e quebre as partes grandes em partes menores. Estude cada pequena parte de forma isolada até juntar as partes. A partir desse ponto aumente a velocidade gradativamente até alcançar 20% acima da velocidade desejada.
Sabe por que isso funciona? Simples, o corpo tem memória muscular! Se você executar errado 20 vezes até alcançar uma vez corretamente, você estudou o exercício 20 vezes de forma errada e uma com precisão. O correto é executar 20 vezes com o movimento preciso para a memória muscular ser duradoura. Pense nisso quando estudar um novo material.
Regra para o hábito 3: Não esqueça do hábito 2, expressividade sempre!
Hábito 4: Percepção rítmica
A música existe no tempo, portanto as divisões rítmicas devem ser entendidas e executadas com perfeição. Isso significa que seu corpo e mente devem sentir a pulsação da música e responder a isso naturalmente. Infelizmente isso é algo muito difícil de se explicar ou até mesmo ensinar. O processo é lento, mas chega um momento que se torna natural e o músico não precisa mais se preocupar com isso, porém, até lá exige estudo e concentração. Isso tem que ser feito no quarto de estudos, ou no palco sua sensação não vai aparecer.
O primeiro passo é em cada frase musical entender o que ocorre ritmicamente, executar devagar concentrando em perceber os tempos fortes e contratempos. Sempre percebendo os tempo fortes que são normalmente os importantes para o músico. A recomendação é a concentração nos tempos fortes, os tempos fracos não precisam ser contados.
A sensação rítmica vai além de contar tempos perfeitamente, isso um computador é capaz de fazer melhor que um ser humano. Porém, todos concordam que músicas feitas por computadores são horríveis e muitos programas têm módulos de humanização de ritmo. O computador não responde ao entorno, aos outros músicos. Ajustes rápidos, leves atrasos são o que fazem a música “swingar” e transforma a música em uma arte humana. Em resumo, um computador não tem alma. Temos um problema, como estudar rítmica perfeitamente para depois executar com swing. Minha sugestão é: primeiro se preocupe com a perfeição para depois desconstruir o ritmo. A música no geral funciona dessa forma. Portanto, consiga um par de baquetas, um bom livro de divisão rítmica e estude! Lembre-se de passar isso para a guitarra.
Regra para o hábito 4: Não esqueça do hábito 3, precisão sempre!

Hábito 5: Timbre
Esse é um dos tópicos favoritos de todo guitarrista. Antes de continuar, por que o timbre deve ser uns dos 7 hábitos do guitarrista virtuoso?
Um timbre marcante de guitarra mostra uma forte conexão com o instrumento, por que nós tocamos o que sentimos na música. Se o guitarrista não tem um timbre marcante, certamente não está produzindo música com emoção.
Isso não significa que você sempre deve tocar no máximo volume com todos seus efeitos ligados! Não faça isso, mas em alguns momentos você deve estudar com o equipamento que vai usar ao vivo, procurar a melhor sonoridade, entender a resposta da palhetada ao seu timbre e buscar o que mais lhe agrada. Essa busca deve acontecer de forma isolada, quando estiver estudando essa preocupação, não deve atrapalhar os outros hábitos do guitarrista virtuoso.
De forma geral, o equipamento tem sim uma influência no seu timbre da mesma forma que o shampoo de cabelo que você usa! Brincadeiras a parte, o timbre está em sua mão, o equipamento ajuda, mas não vai fazer todo o trabalho. Isso está escrito em todos os artigos sobre timbres, mas é bem comum se deixar levar por pedais, amplificadores e esquecer o principal.
Regra para o hábito 5: Desenvolva uma conexão com seu instrumento, toque com sentimento. Saia de todos os fóruns de equipamentos quando estiver no seu quarto de estudo. Seu timbre vai melhorar sem gastar nada em equipamentos. Seu bolso agradece!

Hábito 6: Foco e atenção
Se você estudar sem atenção, vai certamente perder a concentração quando estiver no palco diante do público. Música, acima de tudo, é um exercício de concentração. Se você fica horas praticando o mesmo exercício sem a devida atenção, isso não vai levá-lo a precisão. No final o número de horas de estudo não é tão importante quanto a qualidade do estudo que deve ter 100% de concentração e foco.
Antes de cada sessão de estudo, defina seu objetivo, tenha algo em mente. Outros pontos podem aparecer durante o estudo, porém anote-os para outra sessão de prática e não desvie sua atenção do objetivo.
Trabalhe com períodos curtos de prática concentrada. Defina uma rotina de tempo entre os exercícios com descanso, aumente o período gradativamente até que você consiga ficar longos períodos concentrado. Tudo na vida melhora com a prática, isso é correto.
Porém, a prática concentrada pode lhe ajudar não somente na música, mas em outras áreas da sua vida também. Vale a pena tentar, você se tornará uma pessoa mais produtiva com o mesmo tempo disponível.
Regra para o hábito 6: Repetição sem concentração acaba com todos os bons hábitos!
Hábito 7: Atitude positiva
Ser um bom guitarrista não é fácil! Qualquer site, software, livro ou professor que disser ao contrário não está sendo honesto.
Não gaste seu dinheiro suado com promessas falsas.
Faça um teste, tente tocar um música invertendo a guitarra, ou seja, a mão direita na escala para os destros e a esquerda na escala para os canhotos. Provavelmente é assim que você tocava quando pegou a guitarra pela primeira vez. Portanto, você aprendeu bastante não importa seu nível.
Algumas vezes nos sentimos bem e capazes de tocar qualquer coisa na guitarra, mas alguns dias você tem a sensação de ser o pior guitarrista do mundo. Todos nós já tivemos essa sensação.
Quando você sentir que bateu em uma parede e que não está evoluindo, não basta pensar positivo ou melhor tenha uma "atitude positiva" só pensar não resolve. Nunca sinta um problema musical como um problema pessoal, mas sim como um oportunidade de aprender algo novo.
Pessoas de sucesso resolvem seus problemas com atitude positiva. Você nunca vai resolver o problema de improvisar em sequências complexas de acordes se você não estudar para vencer essa limitação. Sua técnica não vai melhorar do dia para a noite, ou porque você pediu para algum anjo enquanto assistia TV. Não existe segredo ou atalhos além de prática concentrada para se tornar um bom guitarrista.
Existe um estudo que diz que são necessárias 10 mil horas de práticas para que uma habilidade seja dominada. Estudando 4 horas todos os dias vai levar 8 anos para ser um guitarrista virtuoso! Brincadeiras a parte, aproveite o caminho e se divirta durante esses 8 anos! Para quem gosta, não existe nada mais divertido que tocar guitarra.
Uma questão importante, não confunda “atitude positiva” com “pensamento positivo”, mas caso discorde de mim, faça um teste : sê algum tiver uma diarreia, “pense positivo”, depois me conta se passou.
Regra para o hábito 7: Não seja preguiçoso e estude todos os dias, mantenha uma rotina de estudos.
Conclusão

Anote esses 7 hábitos para ser um bom músico, deixe-os a vista em seu quarto de estudo, imprima uma cópia desse artigo e coloque no estojo da sua guitarra, leia-o de tempos em tempos. Tenha sempre esses hábitos com você quando estiver em seu quarto estudando música, ou eles nunca irão aparecer quando você estiver no palco. Pior que isso, ninguém vai querer pagar para ouvi-lo tocar.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Postura, L.E.R e Tendinite


É muito importante saber desde o início que a preocupação com a 
postura não é apenas uma questão estética, ou a manutenção de uma 
“tradição formal” que se arrasta desde a invenção do violão. A postura é 
sobretudo uma questão de saúde. 

Ao estudar um instrumento, passamos às vezes horas a fio (algumas 
vezes sem nos darmos conta da passagem do tempo…) sentados, na 
mesma posição. Isso provoca inevitavelmente uma sobrecarga em várias 
regiões do corpo, sobretudo na coluna. Pensar na postura em que tocamos o 
instrumento poderá minimizar esta sobrecarga, e evitar sérias lesões que, 
infelizmente, só se manifestam a longo prazo. Não há apenas uma postura 
exata, dado que cada pessoa tem características físicas próprias, mas 
existem princípios que podem ser seguidos e, principalmente, erros a evitar. 

Ao tocar o violão, verifique sempre se você está sentado no centro da 
cadeira, e com a coluna ereta. É preferível também que a altura da cadeira 
seja adequada ao comprimento de suas pernas: em uma posição ideal, seus 
pés pisam firmemente no chão, e suas pernas dobram no joelho em ângulo 
reto. 

Para segurar o violão, é importante que sua perna direita esteja em 
posição mais alta que a esquerda. É nessa perna que o bojo do violão irá 
encaixar. Para conseguir este desnível entre as pernas, você pode apoiar seu 
pé direito sobre um suporte (existem suportes específicos para violão à 
venda em lojas de instrumentos), ou simplesmente cruzar a perna direita 
sobre a esquerda. 

Para aprender a tocar qualquer instrumento é necessário repetir 
centenas de vezes o mecanismo que produz o som. Isso não só é natural 
como também imprescindível para a evolução da técnica de ambas as mãos. 
No entanto, o estudo mal orientado ou excessivo pode gerar a L.E.R. – Lesão 
por Esforço Repetido. Muito frequente em datilógrafos e digitadores, a L.E.R 
só encontra espaço no meio musical quando há um descuido do professor ou do aluno. 

No estudo do violão, a L.E.R. normalmente aparece como uma
tendinite, principalmente no braço esquerdo. Ela pode ser aguda,
funcionando como um alerta, mas pode evoluir para uma tendinite crônica se os devidos cuidados não forem tomados. A tendinite é sempre consequência de um excesso. Mas esse excesso não pode ser fixado em termos absolutos.


Cada pessoa tem seu limite natural, e além disso todo organismo está
sempre pronto para ampliar este limite com treinamento adequado. É muito
fácil entender que um pequeno peso pode ser excessivo para uma pessoa
sedentária, mas ao mesmo tempo não representa nenhum desafio para uma
pessoa em boa forma física. O mesmo acontece no instrumento: para um
iniciante, forçar a velocidade em um exercício pode ser perigoso. Mas a
mesma pessoa, meses depois, poderá aumentar a velocidade sem o menor
perigo. É por isso que é imprescindível o acompanhamento do professor: só
ele poderá avaliar a sua “forma física” no instrumento, e recomendar os
exercícios corretos.


Mas é importante salientar ainda outros aspectos:

1) Estabeleça uma pequena série de exercícios de aquecimento para
as mãos, semelhante aos alongamentos praticados pelos atletas. Tente
manter todo o corpo relaxado ao tocar, em especial as mãos e os ombros.

2) Nunca estude mais de uma hora sem pausas. A cada hora de
estudo, faça uma pausa de 10 ou 15 minutos, levante e ande um pouco, e
repita os exercícios de aquecimento.

3) Faça um planejamento do seu estudo. Não há nenhum problema
em estudar 15 horas por dia. Grandes instrumentistas passam anos de suas
vidas mantendo essa média diária de estudo. Mas esse nível deve ser
alcançado progressivamente. Comece com uma hora por dia e aumente seu
tempo gradualmente, sempre observando a reação do seu corpo.

4) Evite grandes desníveis. Se você está acostumado a estudar uma 
hora por dia, não tente estudar 10 horas seguidas no fim de semana! 

5) Se você interrompeu um processo de estudo diário, retome a carga 
progressivamente. Depois de alguns dias sem praticar, não espere retornar 
ao mesmo nível técnico imediatamente: reinicie devagar, e espere seu 
organismo se readaptar aos poucos. 

6) Dores leves nas pontas dos dedos da mão esquerda são naturais e 
esperadas. Elas desaparecem em pouco tempo, à medida que os dedos vão 
adquirindo resistência. Até certo ponto, pequenas dores musculares na mão 
também são normais, principalmente ao praticar acordes com pestana. Elas 
devem desaparecer assim que o exercício terminar e a carga for removida. 

Perigosas são dores ao longo do braço. Se você começar a sentir dor 
constante ao tocar, pare imediatamente, e permita um ou dois dias inteiros de descanso absoluto. Se a dor voltar assim que você voltar a tocar, ou se a dor persistir mesmo sem tocar o instrumento, procure um médico: só ele poderá avaliar suas condições físicas, e instaurar a terapia adequada. JAMAIS PRATIQUE A AUTO-MEDICAÇÃO. Isso pode ser perigoso para a sua 
saúde, e pode ainda encobrir uma lesão mais grave, tornando-a irreversível !!