segunda-feira, 19 de junho de 2017

Dicas para começar a Compor


Pergunte a compositores de onde suas ideias vêm e eles e veja como eles tateiam para achar as palavras certas ou imagens para explicar o inexplicável: canções aparecem do nada, como um raio num dia de sol. Elas estão no ar, passam pela gente várias vezes por dia e estão disponíveis para quem as estiver ouvindo. Elas nascem de erros interessantes e de acidentes de sorte e, é claro, de dores pessoais e experiências ruins. Elas são como peixes no fundo de águas escuras, que às vezes mordem a isca e outras não. A inspiração é uma coisa misteriosa e muitas vezes compositores nem querem adentrar nesse mistério —eles temem que, se entenderem o que acontece, não vão mais conseguir fazer isso.
A inspiração pode ser impossível de definir, controlar ou prever, mas isso não quer dizer que a gente tem de ficar de papo para o ar esperando ela. Há muitos jeitos de ficar mais receptivo à inspiração e reconhecê-la mais rápido quando ela chegar. Muitos compositores compartilharam seus truques para vencer o bloqueio criativo e escrever boas músicas. Aqui vão cinco ideias interessantes:
É uma coisa muito inconsciente. É como se um trechinho de canção aparecesse em você o tempo todo. É como se fosse um poço, onde você mergulha seu balde. Quando você é compositor, como eu, você tem de trabalhar firme no seu ofício—se você ouvir algo, quer descobrir como fazer algo parecido. Mas as músicas em si, eu não sei bem de onde elas vêm e como me ocorreram. Elas são presentes, e seu trabalho é recebê-los e passá-los para a frente.
—Greg Brown

1. Balbucie.

Se você já escreveu uma melodia antes da letra, é bem capaz que tenha cantado usando frases sem sentido, ou só sons que se encaixem no ritmo. Geralmente você precisa se livrar desses “tapa-buracos” e fazer uma letra “de verdade” (a gente é muito grato por Paul McCartney ter bolado a letra de “Yesterday”, que compôs inicialmente usando “scrambled eggs”, ou ovos mexidos, como letra), mas preste bastante atenção nas suas criações espontâneas. Às vezes elas podem te indicar uma direção interessante a seguir ou, além disso, essas palavras têm um som bom e que combinam com a música —foi por causa disso que você as cantou quando estava compondo. Ligue o gravador e deixe as palavras fluirem, sem filtro ou edição. Você pode rever esse material depois, procurando algo de bom para usar, ou só jogar tudo fora.
O processo para mim é geralmente me sentar, começar a tocar, colocar minha voz dentro da melodia e deixar o gravador funcionando durante todo esse tempo, porque eu geralmente entro num transe quando estou no que chamo de terra da melodia Eu não sei exatamente o que estou fazendo. Canto letras sem sentido e as palavras começam a se formar. Depois, quando estou terminando a canção, eu posso voltar a ouvir essa gravação de trabalho e, em 90% das vezes, os sons de vogais já começam a mostrar quais serão as letras que estarão ali dali a um mês ou dois. Eu realmente acredito nesse caldo de inconsciente, em que tudo é formado, e que tem mais inteligência do que meu cérebro de ervilha pode conceber.
—Beth Nielsen Chapman
Eu muitas vezes me sinto mais realizado quando começo a compôr e não sei exatamente o que estou fazendo. Eu só tenho uma melodia em que acredito o suficiente para murmurar tocando no meu som e vou ouvindo até que começam a aparecer as letras para a melodia que eu quero musicar. No caminho você começa a ter ideias. A coisa se resuma a transformar lixo em coisas bonitas. Criar beleza a partir do nada. Uma coisa bem Zen.
—Chris Whitley

2. Erre.

Muitos compositores que tocam violão ficaram viciados em usar afinações esquisitas, porque um novo tom vai distanciá-los daquilo que eles sabem tocar e criar um ambiente para acidentes estranhos e interessantes. Esse é só um exemplo de como erros podem gerar ótimas ideias e por que é bom cultivá-los.
Se você só trabalhar com aquilo que conhece, você não crescerá. É só através do erro que a descoberta é feita e, para descobrir, você tem de criar algum tipo de situação em que um elemento aleatório, uma atração estranha, para usar um termo da física. Quanto mais eu puder me surpreender, mais eu continuarei fazendo música e brincar com as notas é um jeito de continuar com essa peregrinação. Você está sempre puxando o tapete debaixo de si mesmo e assim não periga ficar preso a uma fórmula.
—Joni Mitchell
Eu uso teclado, que não sei tocar até hoje, como um jeito de tirar a minha familiaridade com o meio musical. Todos nós estamos tentando fazer isso de um jeito ou de outro, se libertar dos padrões que seus dedos se acostumaram a sentir. É assim que você cria algo que pode ter uma qualidade única. Coisas boas acontecem, se você se jogar no precipício uma vez ou outra.
—John Sebastian

3. Colecione nomes

Muitos compositores mantêm um arquivo com possíveis nomes de músicas. O Woody Guthrie era um colecionador ávido. Seu manuscrito “How to Make Up a Ballad-song” (“como fazer uma balada”, que está no arquivo Woody Guthrie Archives) descreve como ele gastava horas pensando nos nomes das canções e tinha milhares deles “guardados como selos”. John Fogerty manteve um caderno de nomes durante toda sua carreira e me contou sobre ele.
Eu tenho um caderninho de plástico e que eu carrego comigo para cima e para baixo. A primeira coisa que escrevi nele foi “Proud Mary.” Eu não tinha ideia do que isso significava, mas, depois dessa vez, sempre que tinha uma ideia, anotava no caderninho. O que descobri foi que, se eu tivesse um nome que soasse bom, eu podia tentar escrever uma música que se encaixasse nele. Foi assim que “Bad Moon Rising” aconteceu. Eu tinha escrito isso no caderninho e, algum tempo depois, brincando com acordes e uma historinha, eu vi essa frase e pensei. “Yeah—é sobre isso que é essa música” e ela foi nessa direção.
—John Fogerty
Um bom nome pode te dar uma vantagem na escrita—pode sugerir uma emoção, uma atitude, um suíngue, um personagem e muito mais. Uma ideia de título pode pintar na sua cabeça ou você pode ver ou ovir ela em algum lugar. Minhas próprias músicas “Stop, Drop, and Roll,” (pare, deite e role) e “The Day After Yesterday,” (o dia depois de ontem) “My Life Doesn’t Rhyme,” (minha vida não rima) e “Enough About You (What About Me)” (chega de você [e quanto a mim?]) todas começaram com essas frases pintando em conversas. Com um nome, seu trabalho de composição vai se tratar mais de jogar luz sobre uma ideia do que sobre criar algo do zero.
Eu gosto quando tenho um título. Daí eu já sei, isso é o que é. Falando no geral, essas músicas tendem a ser mais comerciais, na falta de uma palavra melhor para definir. Você sabe, o Vince Gill e eu escrevemos “It’s Hard to Kiss the Lips at Night That Chew Your Ass Out All Day Long” (é difícil beijar à noite os lábios que mastigam sua bunda de dia). Bom, isso era um título velho de canção, uma piada. Eu sou grato aos títulos que me ocorrem porque essas músicas são mais fáceis de escrever.
—Rodney Crowell

4. Faça arranjos e rearranje.

Se o silêncio está ensurdecedor e você estiver de saco cheio de olhar para uma folha em branco, tente trabalhar com materiais que já existam. Escreve letras para sua melodia predileta ou tente encaixar algumas letras ou poesia que já tenha num ritmo. Ou simplesmente pegue sua canção predileta e a mude um pouco; foi assim que Alynda Lee Segarra, da Hurray for the Riff Raff, começou, assim como muitos outros músicos.
Quando eu estava viajando e conheci o [violinista] Yosi Perlstein, que hoje toca comigo, a gente tocava juntos velhas canções folk, tipo “Worried Man Blues” e mudaríamos as letras um pouquinho porque achávamos que as músicas não deviam ser só sobre homens—podiam ser sobre mulheres também. Ele gostava de trocar uma palavra ou outra, só para tornar mais universal. Essa realidade então me ocorreu. Eu só compunha música há pouco tempo, devia ter uns dezoito anos, e adorei a ideia de pegar música folk e mudá-la para continuar o diálogo, renovar e tornar o som algo para a minha geração.
Às vezes eu faço isso [retrabalho uma canção antiga] só porque estou com a criatividade bloqueada e preciso começar de algum lugar.
—Alynda Lee Segarra
Se você espera usar sua adaptação comercialmente e não quer se envolver com questões de licenciamento, atenha-se às músicas de domínimo público. Mas, mesmo assim, reescrever um hit pop pode ser um exercício ótimo, e vale para aprender. O processo de adaptação te obriga a sair de sua zona de conforto e resolver problemas criativamente. Eis como Duncan Sheik descreve como usou poesia nas músicas do seu disco Phantom Moon.
Eu geralmente escrevo a música primeiro e as letras depois, quando elas vêm até mim. Então foi um ajuste mudar isso, mas quando eu me acostumei, passou a ser muito natural. Na verdade, eu gostei muito, porque a letra vira um quebra-cabeças bem interessante, como pegar a estrutura de um texto e trabalhá-lo como estrutura musical, fazendo uma canção inteira. A cada vez que eu fazia isso, era uma aventurazinha.
—Duncan Sheik
Se você tiver problemas para deixar de usar uma versão do material que está usando como fonte (vamos dizer, tentar escrever novas letras para “Man of Constant Sorrow”, mas não consegui tirar a voz do cantor Ralph Stanley da cabeça), tente acelerar o ritmo, ou diminuí-lo, levá-lo para outro acorde ou ainda usar um instrumento diferente —qualquer coisa que vá fazer o que é familiar ficar estranho e novo.

5. Use um template.

Outro jeito de começar a escrever música do zero é pegar a estrutura de uma música que já exista e a preencha com sua letra e sua canção. Em termo de letra, por exemplo, a música que já existe pode te ajudar a saber quantas linhas uma música deve ter, o número de sílabas em cada uma dessas linhas e onde as rimas devem estar.
Teve uma vez que, bem tarde da noite, eu estava sentado numa van em algum lugar da Espanha. .Eu de repente tive uma ideia ótima de letra e fiquei pensando, ai caramba, o que eu faço agora, peço para pararem o carro? E era uma letra muito boa, algo que eu queria escrever há muito tempo. Então peguei meu bloquinho e caneta e, no escuro, comecei a escrever a música usando um template de outra música que já existia. Peguei “Desolation Row”, do Bob Dylan, e escrevi minha música em cima das notas de “Desolation Row.” E, quando voltei para a Inglaterra, peguei meu violão e escrevi uma melodia nova, que não parecia em nada com “Desolation Row” mas tinha minha pegada.
—Billy Bragg
Você pode achar vários templates para usar nas suas criações em músicas que já existem. O David Wax (da David Wax Museum) escreveu muitas músicas trabalhando com as estruturas e as cadências de canções folclóricas mexicanas.
O que eu fiz muitas vezes é pegar uma canção tradicional e tentar decifrar o refrão, como a estrutura se repete. Quanto às letras, também é muito interessante ter uma estrutura. Qualquer estrutura nova pode ser uma ferramenta valiosa. Isso pode te inspirar a escrever de um jeito que você não teria feito.
—David Wax
Bom trabalho...

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Vida de Músico - "Você é músico? Trabalha em que?"





Ninguém pode dizer a uma criança ou a um adolescente se ele é ou será um "MÚSICO", nos tornamos aquilo que somos,

Mas enfim, aos que pretende ou se profissionalizaram, mais cedo ou mais tarde, você vai escutar essa pergunta:
"Você é músico? Trabalha em que?"

Pergunta que já respondi e já vi muita gente responder...

No mercado de trabalho a valorização por parte da população e dos contratantes não é tão perfeita assim. Seja o músico erudito ou o popular, o músico que acompanha artistas ou o músico que tem o seu trabalho autoral para mostrar, professor, etc...A vida de músico, para alguns, é, apenas, uma brincadeira e um divertimento, refletindo na desvalorização dada tanto pelo público que desconhece a profissão, quanto pelos contratantes e ainda, muitas vezes, pelos próprios músicos.

Para o público LEIGO e sem muita informação, músico bom é músico famoso. Muitos não entendem que, assim como em tantas profissões, os músicos precisam de oportunidades, “estágios”, “padrinhos”, sejam os músicos de “linha de frente” ou não, pois todos fazem arte e em um país que poucos podem ser artistas, um incentivo de alguém já estabelecido na área é algo importantíssimo para que esse músico se torne visível e passe a sua mensagem com mais tranquilidade.

Talvez a insegurança de um começo de carreira traga um certo descrédito, tanto para o artista quanto para quem está de fora. A desvalorização e a concorrência colocam a música em segundo plano, levando o músico, a atuar em dois ou três empregos diferentes e ainda tendo que tocar a noite por amor à arte e por um dinheiro bem abaixo do que realmente vale.

Vejo isso também em outras expressões artísticas como o teatro, as artes plásticas etc. Viver fazendo arte é lindo e é mais lindo ainda quando se consegue viver só de arte. Parece que isso incomoda um pouco alguns frustrados que não conseguiram tocar a flauta do jardim da infância, pintar algo interessante ou modelar coisas belas com a massinha.

O que sei é que ser músico não é simplesmente brincar de ser feliz, é levar felicidade aos outros, é imortalizar momentos. Ser músico, ser artista é ter um canal de ligação direto com Deus e receber sua graça comum, é descobrir outra realidade, ter uma percepção de coisas que nem todos percebem.

Valorize os músicos que você conhece e, se não conhece, passe a conhecê-los. Garanto, eles são gente fina e trabalham bastante.

O homem que trabalha somente por dinheiro e não tem prazer naquilo que faz, pode se considerar um escravo remunerado, e desse mal nós músicos estamos livres.

"Sou músico sim, graças a DEUS!"

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Strat-itis e a altura dos imãs



Noções básicas: a distância entre uma corda e um ímã determina a intensidade da mesma, assim concluímos que, para obter uma balaço equilibrado de volume entra as cordas, os imãs devem estar todos à mesma distância das cordas. Mas em sua maioria as escalas são geralmente são arredondadas, e como as cordas seguem esse raio, encontramos ímãs de diferentes comprimentos dispostos em um arco (aparentemente para coincidir com o arco das cordas). No entanto, na prática, algumas cordas geram mais saída do que outras. Por exemplo, a corda G tocada juntamente com as demais cordas, soa mais alta. A cordas B também é um pouco mais alta em relação corda D (que soa um pouco mais suave). 

É por isso que os captadores têm ímãs de diferentes comprimentos (escalonados) para ajudar a compensar as cordas que são mais altas do que outras, de modo que todas as cordas soem balanceadas. Ou seja, todas elas teriam que ter a mesma intensidade. 

Outro aspecto significativo desta história é que Leo Fender projetou seu raio de escala pensando no conforto, com um raio de 7-1 / 4 ", fica muito mais fácil para os dedos formarem acordes.

Problemas: O tradicional escalonamento das Stratocasters antigos foi projetado originalmente para que a corda G, seja tocada de forma predominantemente, o que era comum ser utilizado nos anos 50 e 60. Mas no final dos anos 60, os Blues influenciou estilos musicais e guitarristas começaram a esticar notas para cima com os "Bends", onde também se percebeu que a corda G tem uma saída dramaticamente maior e esse aumento no volume significa um excesso sobre as demais cordas, tornando-se perceptíveis em licks, riffs, runs, arpejos e principalmente acordes. 

Esta cadeia de eventos faz com que ela se comporte mal em termos de não oscilar a uma freqüência estável, por causa da sua massa e baixa tensão. Tudo isso tende a sucumbir na influência magnética do captador e em níveis elevados soa semelhante a uma motosserra. Isto acontece especialmente com os amplificadores Classe A. Esta é, na verdade, uma combinação da corda falhando nos trastes e instabilidade de freqüência chamada de Strat-itis, que é frequentemente causada quando a altura do captador é ajustada perto das cordas e os toques dissonantes são ouvidos enquanto você joga até os trastes (exemplo de Strat-itis) Não consigo imaginar nada mais horrível e não musical. Isso também se traduz em sons de distorção e, como com sons limpos, é realmente bastante censurável e desagradável. .

No entanto, existe um problema geométrico com o alongamento extremo da escala de raio de "7-1 / 4 " de Leo Fender, na medida em que as cordas tendem a baixar os trastes, resultando em notas bloqueadas (trastejamento e perda de sustain) no registro superior. 

Percebendo as vantagens de um raio mais plano, alguns fabricantes (que estavam procurando alguma idéia para aumentar a participação no mercado) conceberam o raio composto. Feito de forma sensata, um raio composto é uma maneira inteligente de combinar o conforto dos fretboards de Leo Fende no registro inferior com as propriedades aniti-sufocantes dos fretboards de Gibson no registro superior. No entanto, nem todos os raios compostos são sensíveis e alguns realmente criam outro problema com desequilíbrio de saída de corda. O resultado é que a corda G é excessivamente alta e as duas cordas E são excessivamente macias quando o ímã vintage cambaleia nos captadores. O uso de ímãs não escalonados melhora o equilíbrio, mas ainda existe a grande diferença na saída entre as cordas G e D, bem como uma diferença significativa para as outras cordas.



Soluções: um ímã stagge não pode combinar todas as diferentes opções de raio de fretboard disponíveis em guitarras modernas (exceto o Kinman). 
Os stagges de ímã são definidos no momento da fabricação e não podem ser alterados, para resolver esse dilema. 

Segue alguns vídeos que ajudarão a adequar os imãs: