quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

PERÍODOS, COMPOSITORES E OBRAS

 

Medieval e Renascentista

Período extenso e marcado pela diversidade. No século 7, surge a monodia (uma única linha melódica) do canto gregoriano – monodia que, sob uma forma profana, também será usada pelos trovadores. No século 12, com a Escola de Notre Dame (Paris), aparecem formas polifônicas (entrelaçamento de mais de uma melodia, nas quais Pérotin foi mestre.

O aperfeiçoamento dos instrumentos, as exigências litúrgicas e o surgimento de um mercado formado pela nobreza feudal e pela burguesia mercantil das cidades determinaram a expansão da polifonia, com importantes contribuições de Machaut, Du Fay e Palestrina.


Barroco

Nenhuma escola musical possui analogias tão nítidas com as artes plásticas como o barroco: há o culto do ornamento, do arabesco – notas que enfeitam a melodia. De Monteverdi a Johann Sebastian Bach, a música descobre a profusão dos sons simultâneos como meio de alcançar o belo. Como pano de fundo dos instrumentos que se revezam na narração melódica, surge o baixo contínuo (em geral o cravo). A linguagem tonal se firma como sustentáculo da polifonia. Emergem novos gêneros musicais: oratório, cantata, sonata para teclado.

Clássico

O classicismo surge em meados do século 18. Haydn passa a usar formas mais econômicas de expressão. Carl Philip Emanuel Bach (filho de Johann Sebastian) depura a sinfonia dos maneirismos. Gluck impõe o primado da música orquestral sobre as improvisações vocais da ópera napolitana. Essas inovações serviram de base ao mais genial compositor do período, Mozart. Coube a ele levar a nova linguagem ao extremo. A exemplo de Bach com o barroco, Mozart foi ao mesmo tempo, para o classicismo, o mais representativo e o grande coveiro: para não repeti-lo, era preciso inventar outra coisa. Beethoven foi um dos que entenderam o recado.

Romântico

O romantismo criou uma profusão de novas formas de expressão: o moderno sinfonismo que começa com Beethoven, o lied (canção) que se consolida com Schubert. A música torna-se uma mercadoria. No lugar dos pequenos conjuntos a serviço de igrejas ou aristocratas, surgem as orquestras e as companhias de ópera financiadas com a venda de ingressos ao público. O plano, instrumento doméstico, cresce com Chopin, Schumann e Liszt. No teatro, a música vai do melodrama de Bellini e da comédia de Rossini à grandiloquência de Verdi e à ópera filosófica de Wagner. O estilo romântico permanece até hoje como a principal referência de ideia da música erudita para o público em geral.

Pós-romântico ou Impressionismo

Não houve um pós-romantismo como há hoje um pós-modernismo. A designação engloba uma reação estética que procurou dar uma eloquência menos subjetivista à música, colocá-la num patamar superior de racionalidade, por meio de achados harmônicos mais ousados e de formas mais despojadas. Em lugar de Bruckner, a orquestra sinfônica fala a linguagem de Claude Debussy e Maurice Ravel. A música perde em pretensão, mas ganha em simplicidade. A estética do Impressionismo na música rejeitou, em grande parte, o rigor e a precisão dos contornos melódicos e o desenvolvimento lógico da linguagem do tonalismo. Em vez disso, procurou criar sonoridades delicadas e sofisticadas, que pudessem retratar os títulos das composições, que evocavam a água, a neblina e as nuvens, a noite e as fontes.

Contemporâneo

Olivier Messiaen tornou-se em 1942 professor de harmonia do Conservatório de Paris. Ainda nos anos 40 teria como alunos Boulez, Stockhausen e Berio. O atonalismo, concluíram, tinha se esgotado. Era preciso dar novos passos na lógica de organização dos sons. Surgiu uma vanguarda que forneceu à música um caráter permanentemente experimental. Chacelou a música eletroacústica e expandiu os limites da expressão.

Brasileiros

A música erudita brasileira nasceu nas igrejas, como o barroco mineiro, pernambucano e baiano. Em Minas Gerais, principalmente em Ouro Preto, a música cresceu muito, pois naquela época a extração de ouro e diamantes trouxe enorme prosperidade e atraiu muitas pessoas. O padre José Maurício Nunes Garcia, nascido em 1767, foi um dos mais importantes compositores desse período. Prosseguiu como banda sinfônica e música de salão no século 19. Mas o primeiro compositor brasileiro a ficar mundialmente conhecido foi Antônio Carlos Gomes, que viveu no século 19. Suas óperas fizeram sucesso até no Scala, de Milão (Itália), um dos teatros de ópera mais importantes da Europa. Já no século 20, Heitor Villa-Lobos seria o maior representante da cultura brasileiro na música erudita, com obras tocadas em todo o mundo. Juntamente com Camargo Guarnieri, estes compositores colocaram o Brasil definitivamente na História da Música Ocidental.

Período

Compositor

Nascimento-Morte

Origem

Principal obra

Medieval e Renascentista

Pérotin

c.1160-1225

Francês

Vidernp Omnes

 

Hildegard von Bingen

1098-1179

Alemão

Sequentiae

 

Afonso 10º, o Sábio

1221-1284

Espanhol

Cantigas de Santa Maria

 

Adam de La Halle

c.1245-1288

Francês

Le Jeu de Robin et Marion

 

Guillaume de Machaut

c.1300-1377

Francês

Missa de Notre Dame, Motetos

 

Guillaume Du Fay

c.1397-1474

Francês

L’Homme Armé, missa

 

Thomas Tallis

c.1505-1585

Inglês

Missa a Quatro Vozes

 

Giovanni Pierluigi da Palestrina

c.1525-1594

Italiano

Missa de Beata Vergine

 

William Byrd

1543-1623

Inglês

Missa a Três Vozes em Fá Maior, peças para cravo

 

Giovanni Gabrieli

1553-1612

Italiano

Motetos de Natal

 

Carlos Gesualdo

1560-1613

Italiano

Madrigais

 

John Dowland

1563-1626

Inglês

Peças para Alaúde

 

Girolamo Frescobaldi

1583-1643

Italiano

Missa sopra l’Aria dela Monica a oito vozes

 

Heinrich Schutz

1585-1672

Alemão

Oratório da Ressureição

Barroco

Claudio Monteverdi

1567-1643

Italiano

Orfeo (ópera), Madrigais

 

Henry Purcell

1659-1695

Inglês

Sonatas, Fantasias (para cordas), The Fairy Queen (ópera), Dido and Aeneas (ópera)

 

François Couperin

1668-1733

Francês

Le Parnasse, peças ara cravo

 

Antonio Vivaldi

1678-1741

Italiano

Concertos op.8 no. 1 a 4 (As Quatro Estações), Concerto para Flauta e Cordas, op. 10 (La Tempesta di Mare)

 

Georg Philipp Telemann

1681-1767

Alemão

Concerto para Três Oboés em Si Bemol Maior

 

Domenico Scarlatti

1685-1757

Italiano

Sonatas para Cravo

 

Jean-Philippe Rameau

1683-1764

Francês

Apoteose da Dança no Século 18

 

Johann Sebastian Bach

1685-1750

Alemão

Concertos de Brandenburgo, A Arte da Fuga, Variações Goldberg, Paixão Segundo São Mateus, O Cravo Bem Temperado

 

Georg Friedrich Haendel

1685-1759

Alemão

Música Aquática, O Messias, Suites para Cravo Solo

 

José Joaquim Lobo de Mesquita

1746-1805

Brasileiro

Responsório de Santo Antonio

Clássico

Carl Phillip Emanuel Bach

1714-1788

Alemão

Sonatas para Clavicórdio, Sinfonias Hamburgo

 

Cristoph Willibald Gluck

1714-1787

Alemão

Orfeu e Eurídice (ópera)

 

Joseph Haydn

1732-1809

Austríaco

Sinfonias Londres, Quartetos, A Criação (oratório)

 

Domenico Chimarosa

1749-1801

Italiano

Il Matrimonio Segreto (ópera)

 

Wolfgang Amadeus Mozart

1756-1791

Austríaco

Sonatas para Piano, Concertos para Piano e Orquestra, A Flauta Mágica (ópera), As Bodas de Fígaro (ópera)

Romântico

Ludwig van Beethoven

1770-1827

Alemão

Fidelio (ópera), Concertos para Piano e Orquestra, Sonatas para Piano opus 57, 106, 110 e 111, Missas Solemnis, Quartetos opus 59, 130, 131 e 132, Sinfonias (1 a 9)

 

Franz Schubert

1797-1828

Austríaco

Quarteto e Cordas – A Morte e a Donzela, Sinfonia 8 em si menor (inacabada), Improvisos para Piano, op 90, Die Winterreise (ciclo de canções)

 

Giacchino Rossini

1792-1868

Italiano

O Barbeiro de Sevilha (ópera), Cenerentola (ópera), Guilherme Tell (ópera)

 

Vincenzo Bellini

1801-1835

Italiano

Norma (ópera)

 

Hector Berlioz

1803-1869

Francês

Sinfonia Fantastica

 

Felix Mendelssohn- Bartholdy

1809-1847

Alemão

Sinfonia 4 (Italiana), Sonho de uma Noite de Verão, Octeto opus 20

 

Robert Schumann

1810-1856

Alemão

Concerto para Piano e Orquestra, Fantasia para piano op 17, Os Amores do Poeta, ciclo de canções

 

Frédéric Chopin

1810-1849

Polonês

Noturnos, Prelúdios e Estudos, Concerto 2 para Piano e Orquestra em fá menor, op 21

 

Franz Liszt

1811-1886

Húngaro

Sonata em si menor, Rapsódias Húngaras

 

Richard Wagner

1813-1883

Alemão

Parsifal (ópera), Tristão e Isolda (ópera), O Anel dos Nibelungos (Tretalogia), Os Mestres Cantores de Nurenberg (ópera)

 

Giuseppe Verdi

1813-1900

Italiano

Requiem, Rigoletto (ópera), La Traviata (ópera), Um Ballo in Maschera (ópera), Otello (ópera), Falstaff (ópera)

 

Anton Bruckner

1824-1896

Austríaco

Sinfonia no. 4 em mi bemol maior (Romântica)

 

Johannes Brahms

1833-1897

Alemão

Sinfonias (1 a 4), Concerto para Piano no. 2, Sextteto para Cordas no. 1 op 34, Intermezzi para Piano

 

Antônio Carlos Gomes

1836-1896

Brasileiro

O Guarani (ópera), Fosca (ópera)

 

Georges Bizet

1838-1875

Francês

Carmen (ópera)

 

Piotr Llyitch Tchaikowski

1840-1893

Russo

Sinfonia no.6 (Patética), Concerto para Piano e Orquestra no. 1

 

Antonin Dvorak

1841-1904

Tcheco

Sinfonia no. 9 (Novo Mundo), Quarteto para Cordas no. 10 (Eslavo)

 

Giacomo Puccini

1858-1924

Italiano

La Bohème (ópera)

 

Manoel de Falla

1876-1946

Espanhol

Sete Canções Populares Espanholas

Pós-romântico ou Impressionismo

Claude Debussy

1862-1918

Francês

La Mer, Três Esboços Sinfônicos, Prélude pour l’Après-Midi d’ um Faune, Pelléas et Mélisandre (ópera), Prelúdios para Piano

 

Maurice Ravel

1875-1937

Francês

Rapsódia Espanhola, Bolero, Le Tombeau de Couperin (piano)

 

Alberto Nepomuceno

1884-1920

Brasileiro

Suite Antiga, Sinfonia em Sol Menor

 

Francis Poulenc

1899-1963

Francês

Sonata para piano e flauta, La Voix Humaine

Moderno

Richard Strauss

1864-1949

Alemão

Morte e Transfiguração (poema sinfônico), Elektra (ópera), O Cavaleiro da Rosa (ópera), Quatro Últimas Canções (lieder)

 

Arnould Schoenberg

1874-1951

Austríaco

A Noite Transfigurada (poemas sinfônicos), Moises e Aaron (ópera), Pierrô Lunar (para soprano e osquestra), Peças para Piano

 

Charles Ives

1874-1954

Americano

Sonata para Piano no. 1, Three Places in New England

 

Igor Stravinski

1882-1971

Russo

A Sagração da Primavera, O Pássaro de Fogo, Petrouchka, Movimentos para piano e orquestra

 

Heitor Villa-Lobos

1887-1959

Brasileiro

Nove Bacchianas Brasileiras, Rudepoema para piano, Sonata para Violoncelo e Piano no. 2

 

Sergei Prokofiev

1891-1953

Russo

Sinfonia no. 1 (Clássica), Concerto para Violino e Orquestra no. 1, O Amor das Três Laranjas (ópera)

 

Oscar Lorenzo Fernândez

1897-1948

Brasileiro

Suite Reisado do Pastoreio

 

Francisco Mignone

1897-1986

Brasileiro

Maracatu do Chico Rei

 

Aaron Copland

1900-1990

Americano

El Salon Mexico (suíte sinfônica)

 

Radámes Gnattali

1906-1988

Brasileiro

Quarteto a Cordas no. 3

 

Camargo Guarnieri

1907-1992

Brasileiro

Dança Brasileira para orquestra sinfônica, Concerto para Piano e Orquestra no. 5

 

Elliott Carter

n. 1908

Americano

A Simphony for Three Orchestras, Night Fantasies para piano

 

Bernard Bernstein

1918-1991

Americano

Sinfonia no. 1 (Jeremias), West Side Story (ópera)

 

Claudio Santoro

1919-1989

Brasileiro

Ponteio

 

Iannis Xenakis

n.1922

Grego

Metastasis, Tetras

 

Zoltan Kodály

1922-1967

Húngaro

Hary János (suite orquestral)

Contemporâneo

Olivier Messiaen

1908-1992

Francês

Turangalila, Quatour pour la fin du Temps

 

John Cage

n.1912

Americano

Sonatas e Interlúdios

 

György Ligeti

n.1913

Húngaro

Concerto para Piano e Orquestra, Le Grand Macabre (ópera)

 

Witold Lutoslawski

n.1923

Polonês

Sinfonia nº 3

 

Luigi Nono

1924-1990

Italiano

Fragmente-Stille

 

Pierre Boulez

n.1925

Francês

Le Marteau sans Maitre, Pli selon Pli, Répons

 

Luciano Berio

n.1926

Italiano

Sinfonia, Sequenze, Coro

 

György Kurtág

n.1926

Húngaro

Messages of the late Miss R.V. Troussova, Grabstein für Stephan

 

Harrison Birtwistle

n.1934

Inglês

Gawain’s Journey (ópera); Silbury Air

 

Philip Glass

n.1937

Americano

Einstein on the Beach (ópera)

 

Brian Ferneyhough

n.1943

Inglês

Carceri d’Invenzio


 Fonte: IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Períodos, Compositores e Obras. História das Artes, 2023. 

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