Medieval e
Renascentista
Período extenso e
marcado pela diversidade. No século 7, surge a monodia (uma única linha
melódica) do canto gregoriano – monodia que, sob uma forma profana, também será
usada pelos trovadores. No século 12, com a Escola de Notre Dame (Paris),
aparecem formas polifônicas (entrelaçamento de mais de uma melodia, nas quais
Pérotin foi mestre.
O aperfeiçoamento
dos instrumentos, as exigências litúrgicas e o surgimento de um mercado formado
pela nobreza feudal e pela burguesia mercantil das cidades determinaram a
expansão da polifonia, com importantes contribuições de Machaut, Du Fay e
Palestrina.
Barroco
Nenhuma escola
musical possui analogias tão nítidas com as artes plásticas como o barroco: há
o culto do ornamento, do arabesco – notas que enfeitam a melodia. De Monteverdi
a Johann Sebastian Bach, a música descobre a profusão dos sons simultâneos como
meio de alcançar o belo. Como pano de fundo dos instrumentos que se revezam na
narração melódica, surge o baixo contínuo (em geral o cravo). A linguagem tonal
se firma como sustentáculo da polifonia. Emergem novos gêneros musicais:
oratório, cantata, sonata para teclado.
Clássico
O classicismo
surge em meados do século 18. Haydn passa a usar formas mais econômicas de
expressão. Carl Philip Emanuel Bach (filho de Johann Sebastian) depura a
sinfonia dos maneirismos. Gluck impõe o primado da música orquestral sobre as
improvisações vocais da ópera napolitana. Essas inovações serviram de base ao
mais genial compositor do período, Mozart. Coube a ele levar a nova linguagem
ao extremo. A exemplo de Bach com o barroco, Mozart foi ao mesmo tempo, para o
classicismo, o mais representativo e o grande coveiro: para não repeti-lo, era
preciso inventar outra coisa. Beethoven foi um dos que entenderam o recado.
Romântico
O romantismo criou
uma profusão de novas formas de expressão: o moderno sinfonismo que começa com
Beethoven, o lied (canção) que se consolida com Schubert. A música torna-se uma
mercadoria. No lugar dos pequenos conjuntos a serviço de igrejas ou
aristocratas, surgem as orquestras e as companhias de ópera financiadas com a
venda de ingressos ao público. O plano, instrumento doméstico, cresce com
Chopin, Schumann e Liszt. No teatro, a música vai do melodrama de Bellini e da
comédia de Rossini à grandiloquência de Verdi e à ópera filosófica de Wagner. O
estilo romântico permanece até hoje como a principal referência de ideia da
música erudita para o público em geral.
Pós-romântico ou
Impressionismo
Não houve um
pós-romantismo como há hoje um pós-modernismo. A designação engloba uma reação
estética que procurou dar uma eloquência menos subjetivista à música, colocá-la
num patamar superior de racionalidade, por meio de achados harmônicos mais
ousados e de formas mais despojadas. Em lugar de Bruckner, a orquestra sinfônica
fala a linguagem de Claude Debussy e Maurice Ravel. A música perde em
pretensão, mas ganha em simplicidade. A estética do Impressionismo na
música rejeitou, em grande parte, o rigor e a precisão dos contornos
melódicos e o desenvolvimento lógico da linguagem do tonalismo. Em vez disso,
procurou criar sonoridades delicadas e sofisticadas, que pudessem retratar os
títulos das composições, que evocavam a água, a neblina e as nuvens, a noite e
as fontes.
Contemporâneo
Olivier Messiaen
tornou-se em 1942 professor de harmonia do Conservatório de Paris. Ainda nos
anos 40 teria como alunos Boulez, Stockhausen e Berio. O atonalismo,
concluíram, tinha se esgotado. Era preciso dar novos passos na lógica de
organização dos sons. Surgiu uma vanguarda que forneceu à música um caráter
permanentemente experimental. Chacelou a música eletroacústica e expandiu os
limites da expressão.
Brasileiros
A música erudita
brasileira nasceu nas igrejas, como o barroco mineiro, pernambucano e
baiano. Em Minas Gerais, principalmente em Ouro Preto, a música cresceu muito,
pois naquela época a extração de ouro e diamantes trouxe enorme prosperidade e
atraiu muitas pessoas. O padre José Maurício Nunes Garcia, nascido em 1767, foi
um dos mais importantes compositores desse período. Prosseguiu como banda
sinfônica e música de salão no século 19. Mas o primeiro compositor brasileiro
a ficar mundialmente conhecido foi Antônio Carlos Gomes, que viveu no
século 19. Suas óperas fizeram sucesso até no Scala, de Milão (Itália), um dos
teatros de ópera mais importantes da Europa. Já no século 20, Heitor
Villa-Lobos seria o maior representante da cultura brasileiro na música
erudita, com obras tocadas em todo o mundo. Juntamente com Camargo Guarnieri,
estes compositores colocaram o Brasil definitivamente na História da Música
Ocidental.
Período
|
Compositor
|
Nascimento-Morte
|
Origem
|
Principal obra
|
Medieval e Renascentista
|
Pérotin
|
c.1160-1225
|
Francês
|
Vidernp Omnes
|
|
Hildegard von Bingen
|
1098-1179
|
Alemão
|
Sequentiae
|
|
Afonso 10º, o Sábio
|
1221-1284
|
Espanhol
|
Cantigas de Santa Maria
|
|
Adam de La Halle
|
c.1245-1288
|
Francês
|
Le Jeu de Robin et Marion
|
|
Guillaume de Machaut
|
c.1300-1377
|
Francês
|
Missa de Notre Dame, Motetos
|
|
Guillaume Du Fay
|
c.1397-1474
|
Francês
|
L’Homme Armé, missa
|
|
Thomas Tallis
|
c.1505-1585
|
Inglês
|
Missa a Quatro Vozes
|
|
Giovanni Pierluigi da Palestrina
|
c.1525-1594
|
Italiano
|
Missa de Beata Vergine
|
|
William Byrd
|
1543-1623
|
Inglês
|
Missa a Três Vozes em Fá Maior, peças
para cravo
|
|
Giovanni Gabrieli
|
1553-1612
|
Italiano
|
Motetos de Natal
|
|
Carlos Gesualdo
|
1560-1613
|
Italiano
|
Madrigais
|
|
John Dowland
|
1563-1626
|
Inglês
|
Peças para Alaúde
|
|
Girolamo Frescobaldi
|
1583-1643
|
Italiano
|
Missa sopra l’Aria dela Monica a oito
vozes
|
|
Heinrich Schutz
|
1585-1672
|
Alemão
|
Oratório da Ressureição
|
Barroco
|
Claudio Monteverdi
|
1567-1643
|
Italiano
|
Orfeo (ópera), Madrigais
|
|
Henry Purcell
|
1659-1695
|
Inglês
|
Sonatas, Fantasias (para cordas), The
Fairy Queen (ópera), Dido and Aeneas (ópera)
|
|
François Couperin
|
1668-1733
|
Francês
|
Le Parnasse, peças ara cravo
|
|
Antonio Vivaldi
|
1678-1741
|
Italiano
|
Concertos op.8 no. 1 a 4 (As Quatro
Estações), Concerto para Flauta e Cordas, op. 10 (La Tempesta di Mare)
|
|
Georg Philipp Telemann
|
1681-1767
|
Alemão
|
Concerto para Três Oboés em Si Bemol
Maior
|
|
Domenico Scarlatti
|
1685-1757
|
Italiano
|
Sonatas para Cravo
|
|
Jean-Philippe Rameau
|
1683-1764
|
Francês
|
Apoteose da Dança no Século 18
|
|
Johann Sebastian Bach
|
1685-1750
|
Alemão
|
Concertos de Brandenburgo, A Arte da
Fuga, Variações Goldberg, Paixão Segundo São Mateus, O Cravo Bem Temperado
|
|
Georg Friedrich Haendel
|
1685-1759
|
Alemão
|
Música Aquática, O Messias, Suites
para Cravo Solo
|
|
José Joaquim Lobo de Mesquita
|
1746-1805
|
Brasileiro
|
Responsório de Santo Antonio
|
Clássico
|
Carl Phillip Emanuel Bach
|
1714-1788
|
Alemão
|
Sonatas para Clavicórdio, Sinfonias
Hamburgo
|
|
Cristoph Willibald Gluck
|
1714-1787
|
Alemão
|
Orfeu e Eurídice (ópera)
|
|
Joseph Haydn
|
1732-1809
|
Austríaco
|
Sinfonias Londres, Quartetos, A
Criação (oratório)
|
|
Domenico Chimarosa
|
1749-1801
|
Italiano
|
Il Matrimonio Segreto (ópera)
|
|
Wolfgang Amadeus Mozart
|
1756-1791
|
Austríaco
|
Sonatas para Piano, Concertos para
Piano e Orquestra, A Flauta Mágica (ópera), As Bodas de Fígaro (ópera)
|
Romântico
|
Ludwig van Beethoven
|
1770-1827
|
Alemão
|
Fidelio (ópera), Concertos para Piano
e Orquestra, Sonatas para Piano opus 57, 106, 110 e 111, Missas Solemnis,
Quartetos opus 59, 130, 131 e 132, Sinfonias (1 a 9)
|
|
Franz Schubert
|
1797-1828
|
Austríaco
|
Quarteto e Cordas – A Morte e a
Donzela, Sinfonia 8 em si menor (inacabada), Improvisos para Piano, op 90,
Die Winterreise (ciclo de canções)
|
|
Giacchino Rossini
|
1792-1868
|
Italiano
|
O Barbeiro de Sevilha (ópera),
Cenerentola (ópera), Guilherme Tell (ópera)
|
|
Vincenzo Bellini
|
1801-1835
|
Italiano
|
Norma (ópera)
|
|
Hector Berlioz
|
1803-1869
|
Francês
|
Sinfonia Fantastica
|
|
Felix Mendelssohn- Bartholdy
|
1809-1847
|
Alemão
|
Sinfonia 4 (Italiana), Sonho de uma
Noite de Verão, Octeto opus 20
|
|
Robert Schumann
|
1810-1856
|
Alemão
|
Concerto para Piano e Orquestra,
Fantasia para piano op 17, Os Amores do Poeta, ciclo de canções
|
|
Frédéric Chopin
|
1810-1849
|
Polonês
|
Noturnos, Prelúdios e Estudos,
Concerto 2 para Piano e Orquestra em fá menor, op 21
|
|
Franz Liszt
|
1811-1886
|
Húngaro
|
Sonata em si menor, Rapsódias
Húngaras
|
|
Richard Wagner
|
1813-1883
|
Alemão
|
Parsifal (ópera), Tristão e Isolda
(ópera), O Anel dos Nibelungos (Tretalogia), Os Mestres Cantores de Nurenberg
(ópera)
|
|
Giuseppe Verdi
|
1813-1900
|
Italiano
|
Requiem, Rigoletto (ópera), La
Traviata (ópera), Um Ballo in Maschera (ópera), Otello (ópera), Falstaff
(ópera)
|
|
Anton Bruckner
|
1824-1896
|
Austríaco
|
Sinfonia no. 4 em mi bemol maior
(Romântica)
|
|
Johannes Brahms
|
1833-1897
|
Alemão
|
Sinfonias (1 a 4), Concerto para
Piano no. 2, Sextteto para Cordas no. 1 op 34, Intermezzi para Piano
|
|
Antônio Carlos Gomes
|
1836-1896
|
Brasileiro
|
O Guarani (ópera), Fosca (ópera)
|
|
Georges Bizet
|
1838-1875
|
Francês
|
Carmen (ópera)
|
|
Piotr Llyitch Tchaikowski
|
1840-1893
|
Russo
|
Sinfonia no.6 (Patética), Concerto
para Piano e Orquestra no. 1
|
|
Antonin Dvorak
|
1841-1904
|
Tcheco
|
Sinfonia no. 9 (Novo Mundo), Quarteto
para Cordas no. 10 (Eslavo)
|
|
Giacomo Puccini
|
1858-1924
|
Italiano
|
La Bohème (ópera)
|
|
Manoel de Falla
|
1876-1946
|
Espanhol
|
Sete Canções Populares Espanholas
|
Pós-romântico ou Impressionismo
|
Claude Debussy
|
1862-1918
|
Francês
|
La Mer, Três Esboços Sinfônicos,
Prélude pour l’Après-Midi d’ um Faune, Pelléas et Mélisandre (ópera),
Prelúdios para Piano
|
|
Maurice Ravel
|
1875-1937
|
Francês
|
Rapsódia Espanhola, Bolero, Le
Tombeau de Couperin (piano)
|
|
Alberto Nepomuceno
|
1884-1920
|
Brasileiro
|
Suite Antiga, Sinfonia em Sol Menor
|
|
Francis Poulenc
|
1899-1963
|
Francês
|
Sonata para piano e flauta, La Voix
Humaine
|
Moderno
|
Richard Strauss
|
1864-1949
|
Alemão
|
Morte e Transfiguração (poema
sinfônico), Elektra (ópera), O Cavaleiro da Rosa (ópera), Quatro Últimas
Canções (lieder)
|
|
Arnould Schoenberg
|
1874-1951
|
Austríaco
|
A Noite Transfigurada (poemas
sinfônicos), Moises e Aaron (ópera), Pierrô Lunar (para soprano e osquestra),
Peças para Piano
|
|
Charles Ives
|
1874-1954
|
Americano
|
Sonata para Piano no. 1, Three Places
in New England
|
|
Igor Stravinski
|
1882-1971
|
Russo
|
A Sagração da Primavera, O Pássaro de
Fogo, Petrouchka, Movimentos para piano e orquestra
|
|
Heitor Villa-Lobos
|
1887-1959
|
Brasileiro
|
Nove Bacchianas Brasileiras,
Rudepoema para piano, Sonata para Violoncelo e Piano no. 2
|
|
Sergei Prokofiev
|
1891-1953
|
Russo
|
Sinfonia no. 1 (Clássica), Concerto
para Violino e Orquestra no. 1, O Amor das Três Laranjas (ópera)
|
|
Oscar Lorenzo Fernândez
|
1897-1948
|
Brasileiro
|
Suite Reisado do Pastoreio
|
|
Francisco Mignone
|
1897-1986
|
Brasileiro
|
Maracatu do Chico Rei
|
|
Aaron Copland
|
1900-1990
|
Americano
|
El Salon Mexico (suíte sinfônica)
|
|
Radámes Gnattali
|
1906-1988
|
Brasileiro
|
Quarteto a Cordas no. 3
|
|
Camargo Guarnieri
|
1907-1992
|
Brasileiro
|
Dança Brasileira para orquestra
sinfônica, Concerto para Piano e Orquestra no. 5
|
|
Elliott Carter
|
n.
1908
|
Americano
|
A Simphony for Three Orchestras,
Night Fantasies para piano
|
|
Bernard Bernstein
|
1918-1991
|
Americano
|
Sinfonia no. 1 (Jeremias), West Side
Story (ópera)
|
|
Claudio Santoro
|
1919-1989
|
Brasileiro
|
Ponteio
|
|
Iannis Xenakis
|
n.1922
|
Grego
|
Metastasis, Tetras
|
|
Zoltan Kodály
|
1922-1967
|
Húngaro
|
Hary János (suite orquestral)
|
Contemporâneo
|
Olivier Messiaen
|
1908-1992
|
Francês
|
Turangalila, Quatour pour la fin du
Temps
|
|
John Cage
|
n.1912
|
Americano
|
Sonatas e Interlúdios
|
|
György Ligeti
|
n.1913
|
Húngaro
|
Concerto para Piano e Orquestra, Le
Grand Macabre (ópera)
|
|
Witold Lutoslawski
|
n.1923
|
Polonês
|
Sinfonia nº 3
|
|
Luigi Nono
|
1924-1990
|
Italiano
|
Fragmente-Stille
|
|
Pierre Boulez
|
n.1925
|
Francês
|
Le Marteau sans Maitre, Pli selon
Pli, Répons
|
|
Luciano Berio
|
n.1926
|
Italiano
|
Sinfonia, Sequenze, Coro
|
|
György Kurtág
|
n.1926
|
Húngaro
|
Messages of the late Miss R.V.
Troussova, Grabstein für Stephan
|
|
Harrison Birtwistle
|
n.1934
|
Inglês
|
Gawain’s Journey (ópera); Silbury Air
|
|
Philip Glass
|
n.1937
|
Americano
|
Einstein on the Beach (ópera)
|
|
Brian Ferneyhough
|
n.1943
|
Inglês
|
Carceri d’Invenzio
|
| | | | |
| | | |
|
Fonte: IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Períodos, Compositores e Obras. História das Artes, 2023.
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