quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Critérios a considerar na escolha de músicas para liturgia de um culto


 

A escolha da música certa é importante?

Quais os aspectos que devem ser levados em conta?

Estas são algumas perguntas que devemos fazer no momento de escolher alguma canção para compor o repertório de um grupo de louvor.

Este texto tenta responder estas perguntas e ainda colocar à reflexão estas questões importantes para nós e para cada grupo.

 

Aspectos ministeriais:

1. Letra:

Ao contrário de muitos estilos musicais, a música executada por grupos de louvor vai além das questões técnicas musicais e expande para questões eclesiásticas, com objetivo de edificação da igreja e de levar as pessoas a adorarem a Deus através da música, naquele momento específico. Por isso, a mensagem transmitida na letra deve ser centrada no louvor ao Senhor. O que passar disto é para outro momento e não para o momento do louvor congregacional;

 

2. Coerência Teológica:

Como estamos lidando com músicas que falam do Senhor e sua revelação à igreja, toda a letra deve ser baseada na bíblia coerentemente, sem falácias e más interpretações. O louvor congregacional deve mostrar aquilo que a igreja, como um todo, quer dizer ao seu Senhor. Isso quer dizer que a letra a música deve ser baseada no conhecimento das características de Deus. Estas características são reveladas na bíblia.

 

3. Aspectos poéticos:

Músicas são também poesias. E como poesias, são esteticamente elaboradas de acordo com o autor da mesma, em forma de verso, prosa, rima, etc, até com elementos que transcendem o mundo real, deixando a cargo de leitor ou ouvinte a sua própria interpretação. No entanto, em se tratando de músicas de louvor congregacional e edificação da igreja no culto, o entendimento da mensagem musical deve ser total, sem margens para ambiguidades ou interpretações indevidas. A mensagem deve ser direta e deve dar convicção sobre o tema;

 

4. Músicas centradas em Jesus (Cristocêntricas):

Nos dias atuais estamos sendo bombardeados por um enfoque totalmente humanista, que coloca o homem à frente de Deus. Infelizmente na música isto tem sido fortemente difundido. Músicas com letras que trazem um conforto emocional ao indivíduo e não à coletividade e que em sua essência não cumprem o seu papel no culto ao Senhor. É preciso então cuidado para escolher músicas que falem de Deus, que sejam coletivas e não individualistas;

 

 

5. Deixe o seu gosto musical individual de lado:

Nem sempre o nosso gosto musical será adequado ao da igreja como um todo. Devemos pensar na congregação. Claro que, como músicos e orientados que somos, sabemos o que é melhor em termos de estilo musical para a igreja. No entanto, devemos ter o nosso coração aberto e deixar nossas preferências individuais de lado;

 

6. Cuidado com as ondas:

Infelizmente somos sujeitos aos movimentos que atingem boa parte das pessoas. Devemos nos cuidar para não cair nos modismos embalados pela fama de determinados artistas gospel. A fama de uma música não deve ser fator preponderante para a escolha desta música. Nem sempre aquilo que é sucesso é bom, nem o contrário. E nem sempre o que é bom para um grupo de pessoas será bom para a nossa congregação;

 

7. Esteja sensível à voz de Deus à igreja:

Tenha atenção para o que Deus está falando à igreja através dos pastores, por meio da Sua palavra. Se confiamos que Deus tem capacitado pessoas para nos liderar e nos abençoar, devemos crer que há uma harmonia entre Deus – Espírito Santo e a igreja que envolve a ministração da Sua palavra por eles. Sendo assim, há também de se haver uma sintonia entre as músicas escolhidas de acordo com o momento que a igreja vive.

 

8. Alguns textos sobre o que as Escrituras afirmam a respeito

A Bíblia oferece princípios e diretrizes que podem orientar a seleção de música para a liturgia de um culto cristão. Aqui estão alguns textos bíblicos relevantes, juntamente com breves comentários sobre como podem ser aplicados:

a)    Colossenses 3:16 - "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração."

Comentário: Este versículo enfatiza a importância de que a música utilizada na liturgia seja fundamentada na Palavra de Cristo. As letras das músicas devem estar em linha com a teologia bíblica e transmitir a mensagem do Evangelho de forma precisa e clara. Além disso, a música deve ser espiritual e motivar a gratidão no coração dos adoradores.

b)    Efésios 5:19 - "falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor no vosso coração."

Comentário: Esse versículo destaca a importância do canto congregacional e do louvor ao Senhor. A música na liturgia deve incentivar a participação ativa da congregação, permitindo que os adoradores expressem seu louvor e adoração a Deus por meio da música.

c)    Filipenses 4:8 - "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é correto, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento."

Comentário: Esse versículo destaca a importância de escolher músicas que sejam verdadeiras, nobres, corretas, puras, amáveis e de boa reputação. A música utilizada na liturgia deve ser edificante e contribuir para a atmosfera de adoração e reverência a Deus, em linha com os princípios morais e éticos ensinados na Palavra de Deus.

d)    1 Coríntios 14:26 - "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, cada um tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação."

Comentário: Este versículo destaca o princípio da edificação na seleção de música para a liturgia. A música deve contribuir para o crescimento espiritual e edificação da congregação. Portanto, a escolha da música deve ser feita com cuidado, levando em consideração o contexto e as necessidades espirituais da comunidade de fé.

e)    Salmos 150:3-5 - "Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa. Louvai-o com o adufe e a flauta; louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos. Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com os címbalos altissonantes."

Comentário: Este trecho do Salmo 150 destaca a diversidade de instrumentos musicais utilizados na adoração a Deus. Ele nos lembra que a música na liturgia pode envolver uma variedade de estilos, gêneros e instrumentos, desde que estejam sendo usados para glorificar a Deus. Portanto, a escolha da música para a liturgia pode levar em consideração a diversidade musical, respeitando os contextos culturais e as preferências da comunidade de fé.

 

Além desses princípios bíblicos, é importante que a seleção de música para a liturgia seja feita com oração e discernimento, buscando a direção do Espírito Santo. Os líderes de adoração e ministros de música devem estar comprometidos em escolher músicas que promovam a adoração genuína a Deus, que estejam alinhadas com os ensinamentos bíblicos e que edifiquem a comunidade de fé.

É importante também envolver a comunidade de fé na seleção de música, levando em consideração suas preferências, necessidades e contexto cultural. A música na liturgia tem o poder de impactar a adoração e a experiência espiritual dos adoradores, por isso é essencial que seja escolhida com cuidado e sabedoria, em conformidade com os princípios bíblicos e em busca da glória de Deus.

 

Aspectos técnicos musicais:

1. Nível de dificuldade:

O nível de dificuldade de uma música, é um fator que deve ser levado em conta no momento da sua escolha. O nível de complexidade de uma música não define se ela é mais linda, admirada ou inspirada. No entanto, o líder tem sempre a papel de instigar todo o grupo ao crescimento musical, introduzindo canções que possam contribuir para a evolução musical do grupo;

 

2. Adequação musical/ambiental:

Ritmo, melodia, harmonia, altura, intensidade e timbre são características intrínsecas da música, mas que também podem nos indicar se a música é apropriada para determinada ocasião ou não. Por exemplo, há tensões sonoras, originadas da combinação destes elementos, que exprimem sentimentos como medo, tristeza, alegria, calma, agitação, etc;

 

3. Repetições:

Este aspecto tem a ver com o 1º aspecto. O número de repetições em uma música pode ser tão benéfico quanto maléfico. Se o número de repetições for adequado para enfatizar determinados trechos de uma música, isto é um importante recurso para isso. Porém ao repetir demais determinados trechos de uma canção, isto pode trazer um desconforto sonoro e tornar a música cansativa, irritativa ou monótona. Há músicas que praticamente se parecem com mantras, tal é o abuso das repetições;

 

4. Cuidado com as imitações:

Fazer igual não é tão fácil quanto parece. Quando escolhemos estudar uma música que foi composta por outras pessoas ou outros grupos, geralmente tentamos estudar os aspectos mais característicos da música, de modo que seja mantida sua forma original. Mas há que se ter cuidado para adequar a música ao seu grupo de forma que isso seja viável e o resultado seja satisfatório musicalmente. É difícil determinar quando um arranjo foi adaptado com sucesso ou não, se baseado só na opinião de ouvinte ou gosto musical. Por isso há duas opções nestes casos, ser de vanguarda e apresentar algo novo, mas questionável, ou optar por pisar em lugar seguro e ser ortodoxo;

 

5. Pense no conjunto:

Uma música composta originalmente para uma orquestra deverá ser muito bem adequada se for executada por um grupo de rock. Há correntes de pensamento que simplesmente descartam a possibilidade de tais adequações, alegando que isso seria um total desrespeito com a música original. Porém, em se tratando de grupos musicais heterogêneos, é quase impossível não lidar com estas adequações. O ideal é buscar músicas de grupos com características próximas às do seu grupo, e se passar nos demais quesitos, adapta-la a realidade do grupo;

 

 

8. Conselhos práticos de Martinho Lutero

Martinho Lutero (1483-1546) foi um teólogo, reformador e líder da Reforma Protestante na Alemanha durante o século XVI. Ele é conhecido por suas contribuições significativas para a teologia e práticas cristãs, bem como por suas opiniões e influência sobre a música na igreja.

Lutero tinha uma profunda apreciação pela música e a considerava como uma forma poderosa de adoração e ensino. Ele acreditava que a música tinha um papel importante na liturgia e na vida da igreja, e foi um defensor do uso de músicas congregacionais na língua vernácula (a língua local falada pelo povo) em vez do latim, que era a língua litúrgica predominante na época.

Lutero também compôs muitos hinos e cânticos, sendo autor de algumas letras e melodias populares que são cantadas até hoje em muitas igrejas protestantes ao redor do mundo. Ele viu a música como uma forma de transmitir a teologia reformada de forma acessível e inspiradora para o povo, encorajando a participação ativa da congregação na adoração.

Além disso, Lutero valorizava a qualidade musical e acreditava que a música deveria ser bem executada e agradável aos ouvidos, para que pudesse tocar o coração e a mente dos adoradores. Ele também defendia a utilização de instrumentos musicais na adoração, considerando-os como uma forma legítima de expressão na adoração cristã.

As idéias e contribuições de Lutero em relação à música tiveram um impacto significativo na forma como a música é usada na liturgia protestante até os dias atuais, influenciando as tradições musicais em muitas denominações e igrejas protestantes ao redor do mundo. Sua compreensão da música como uma parte importante da adoração congregacional ainda é valorizada e celebrada por muitos cristãos hoje em dia.

Aqui estão alguns conselhos que ele ofereceu em suas obras:

1)     Use músicas que sejam compreensíveis para o povo: Lutero acreditava que a música na liturgia deveria ser acessível e compreensível para o povo comum. Ele defendia o uso de hinos e cânticos em língua vernácula (a língua falada pelo povo), em vez do latim, que era a língua litúrgica tradicional da Igreja Católica na época.

 

2)    Mantenha o foco na Palavra de Deus: Lutero via a música como uma forma de transmitir a Palavra de Deus de forma clara e poderosa. Ele aconselhava que as letras das músicas utilizadas na liturgia fossem baseadas nas Escrituras e que enfocassem a mensagem do Evangelho, em vez de elementos meramente cerimoniais.

 

3)    Evite o uso de músicas extravagantes: Lutero tinha preocupações sobre o uso de músicas excessivamente elaboradas ou extravagantes na liturgia. Ele acreditava que a música deveria ser simples e direta, para que pudesse ser compreendida e apreciada pelo povo.

 

4)    A música deve promover a participação congregacional: Lutero valorizava a participação ativa do povo na liturgia, inclusive na música. Ele encorajava o canto congregacional como forma de envolver a congregação na adoração e na compreensão da mensagem da fé.

 

5)    A música deve estar em harmonia com a mensagem do Evangelho: Lutero acreditava que a música na liturgia deveria estar em sintonia com a mensagem central do Evangelho, que é a graça salvadora de Deus por meio da fé em Jesus Cristo. Ele desencorajava o uso de músicas que contradissessem ou desviassem dessa mensagem.

 

6)    Evite a idolatria da música: Lutero alertava para o perigo de a música se tornar uma forma de idolatria na liturgia, ou seja, adorar a música em si mesma, em vez de usar a música como um meio para adorar a Deus. Ele aconselhava a manter a música em seu devido lugar, como um recurso para servir à adoração a Deus e não como um fim em si mesma.

 

9. Reflita e responda

Todos estes aspectos descritos acima foram elaborados levando em conta o que tenho aprendido nesta caminhada cristã e que também tenho experimentado no serviço à igreja e ao Senhor na área musical.

Agora, depois de ler este texto, espereto que consiga ter uma direção para identificar quais aspectos podem melhorar no grupo de louvor da sua igreja.


terça-feira, 11 de abril de 2023

A história da GUITARRA ELÉTRICA - resumão

 

 


A National, na figura do guitarrista e inventor George Beauchamp, tentava usar a eletricidade para fazer seus instrumentos "falarem" mais alto. Logo no início dos anos 30, Beauchamp e Paul Barth, sobrinho de um dos donos da National, fizeram uma guitarra experimental elétrica, com corpo circular e braço feitos de madeira e com um grande captador eletromagnético. Esta guitarra ficaria conhecida como "Frying Pan" devido à sua aparência, e seria considerada pela maioria a primeira guitarra elétrica construída.

 

O princípio de funcionamento dos captadores eletromagnéticos é bastante simples, e ainda é utilizado até hoje. Uma bobina é imersa em um campo magnético e conectada a um amplificador. As cordas (obrigatoriamente de material magnetizável – aço) são colocadas para vibrar dentro do campo magnético gerado por esse imã. Essa vibração resulta em uma alteração deste campo magnético, a qual causa uma variação de tensão nos terminais da bobina, que é amplificada e acaba sendo transformada no som que ouvimos.

 

O captador da "Frying Pan" era feito de dois grandes ímãs envolvendo as cordas, com uma bobina abaixo deles. Apesar de não ser a guitarra dos sonhos de qualquer guitarrista, Rickenbacker, Beauchamp e Barth fundaram em 1932 a Ro-Pat-In, com o objetivo de produzi-la em série. A Ro-Pat-In mudou seu nome nos anos 30 para Electro String Instrument e em 1934 começaram a produzir guitarras sob a marca Rickenbacker Electro.

 

Nesta época, a Rickenbacker lançou a linha Electro Spanish, que nada mais era que uma tradicional guitarra acústica de jazz com um captador similar ao da Frying Pan. Apesar das vendas da Electro Spanish não terem sido animadoras, várias empresas haviam percebido que esse era um caminho sem volta. Por isso, em 1936 a Gibson lançou a guitarra "Electric Spanish", modelo ES-150, que seguia a mesma idéia de Rickenbacker: uma guitarra acústica de jazz com um captador montado próximo ao braço. Não é de surpreender que a Gibson já possuísse know-how para um lançamento deste tipo: muitos acreditam firmemente que o famoso engenheiro Lloyd Loar, principal responsável por grande parte das criações da Gibson, havia realizado diversos experimentos (e com sucesso) relativos à eletrificação de instrumentos, enquanto trabalhou na Gibson, de 1919 a 1924.

 

Apesar da novidade da captação elétrica, todas essas guitarras tinham uma característica comum, que era a de serem apenas a eletrificação de modelos existentes. Ainda não se ouvia falar em guitarras sólidas, com corpo feitos de madeira maciça.

 

Em tal momento surgiu em cena Lester William Polfus, também conhecido como Les Paul. Em 1928, então com 12 anos, Les Paul entretinha com sua guitarra os clientes de uma pequena lanchonete. Em suas apresentações, seu público sempre reclamava que não conseguia ouvi-lo. Na tentativa de amplificar seu instrumento, Les Paul instalou um captador de gravador e conectou-o ao rádio dos seus pais, usando o mesmo como amplificador. Apesar dessa solução não ser ideal para grandes ambientes, fez Les Paul pensar na viabilidade de construir uma guitarra sólida, preservando o som original das suas primas acústicas.

 

Após anos de pesquisas e tentativas, Les Paul construiu um protótipo que foi chamado de "The Log" (a tora). Ele levou sua criação para apresentá-la à Gibson, onde riram da sua idéia. Les Paul havia aparafusado um braço de guitarra acústica em um pedaço retangular de madeira com 2 captadores e prendido nele as laterais de uma guitarra acústica apenas para que o resultado ficasse parecido com uma guitarra (mal imaginavam os executivos da Gibson que futuramente lançariam guitarras famosas – ES 335, ES 355, etc. – com o mesmo tipo de construção).

"The Log" (A Tora) Les Paul


 

A iniciativa de Les Paul não foi a única. Em 1935, Rickenbacker havia lançado um modelo maciço, porém de baquelite, além do modelo "Vibrola", com um inovador (mas primitivo) sistema de vibrato através de motores (essa guitarra era tão pesada que possuía um suporte para que o músico pudesse tocá-la, pois era impossível pendurá-la).

 

Outros experimentos apareceram, e entre os mais importantes destaca-se a guitarra Bigsby-Travis, de 1948. De todas as iniciativas até então, acredito que era a que mais se aproximava das guitarras que conhecemos hoje. No entanto, sua produção foi restrita a poucas unidades, e portanto não considera-se a Bigsby-Travis um modelo comercial.

 

No mesmo ano de 1948, George Fullerton uniu-se e Leo Fender para construir uma guitarra que fosse maciça e pudesse ser produzida em massa. Criaram a "Broadcaster", que existe praticamente inalterada até hoje com o nome de "Telecaster". A Broadcaster seria lançada em 1950, e tornar-se-ia a primeira guitarra maciça comercializada em massa, mudando a história para sempre.

 

Com o sucesso da Fender, a Gibson percebeu que havia dispensado uma grande idéia ao rir da invenção de Les Paul. O próprio Les Paul conta que os executivos da Gibson foram procurá-lo em 1951, e mostraram-se interessados em comercializar uma guitarra desenhada por ele. Incrivelmente, a Gibson não queria colocar seu nome na mesma por temer um fracasso, ao que Les Paul prontamente sugeriu que chamassem a guitarra de Les Paul. E assim foi feito: em 1952 foi lançada a Gibson Les Paul. O sucesso da Les Paul foi tanto que a mesma manteve-se inalterada até 1961, quando foi totalmente reestilizada (no entanto, em 1968 sua versão original foi relançada, atendendo a pedidos).

 

 

Todo esse sucesso das guitarras trouxe na carona um lançamento que traria profundas mudanças na música: o baixo elétrico. Em 1951, Fender inovava com o lançamento do baixo Precision. Até então, tocava-se baixo acústico, instrumento pouco portátil e sem trastes. O Precision logo conquistou músicos de country, e até alguns de jazz, como Monk Montgomery, da banda de Lionel Hampton. O Precision possuía o mesmo tipo de construção da Broadcaster: braço em Maple aparafusado ao corpo, um captador, e estética bastante similar à Broadcaster. Possuía também uma escala de 34 polegadas (padrão até hoje e menor que a de um baixo acústico) com trastes.

 

Mas o melhor ainda estaria por vir. Apesar do sucesso da Telecaster e da Les Paul, ainda não havia aparecido aquela que se tornaria a vedete das guitarras. Em 1954, Leo Fender mais uma vez mudaria a história lançando uma nova guitarra, a Stratocaster.

 

A Stratocaster traria várias importantes inovações. Seu corpo possuía um novo desenho, de construção similar ao da Telecaster. Eletricamente, traria uma de suas grandes inovações, através da adoção de 3 captadores de bobina simples (a Telecaster possuía 2) e com uma chave de 5 posições que permitia diversas associações dos mesmos, permitindo portanto uma grande variedade de sons. Seus captadores eram unidades de baixa impedância, com um som mais brilhante e limpo, próximo dos instrumentos acústicos. Todo o circuito elétrico, incluindo os captadores, era montado em uma placa acrílica removível. Isto permitia que o circuito fosse todo montado fora da guitarra e posteriormente instalado na mesma em apenas uma operação, fato típico de uma produção em larga escala. Também foi incorporada uma alavanca de trêmolo, inexistente na Telecaster.

 

O corpo da Stratocaster era esculpido visando o conforto, com rebaixo para apoio do braço e para a barriga do músico. A Stratocaster logo conquistou os músicos e hoje é até desnecessário listar todos que foram ou são apreciadores dela. Nomes como Eric Clapton, Jeff Beck, David Gilmour, Ritchie Blackmore, Jimi Hendrix, apenas para citar alguns (na verdade, faltaria espaço para listar todos os músicos que são adeptos da "Strato"). A guitarra é produzida com muito sucesso até os dias atuais, e conserva suas características principais praticamente inalteradas. Com esse lançamento, a Fender passava a ser líder isolada no mercado de guitarras maciças e baixos elétricos.

 

Em 1956, na tentativa de conquistar o mercado dominado pelo baixo Fender Precision, a Gibson lançou seu primeiro baixo elétrico, o modelo EB1. Seu desenho lembrava um violino com corpo de baixo (como o baixo Hofner que Paul McCartney faria famoso na próxima década). Apesar da investida da Gibson, o Fender Precision reinou sozinho até 1957, quando ganhou o desenho que conhecemos hoje e quando Rickenbacker lançou seu primeiro baixo, o modelo 4000, similar ao 4001 usado por inúmeros astros, como Chris Squire (Yes) e Geddy Lee (Rush). Os modelos Rickenbacker possuíam uma construção sólida e um braço inteiriço em oposição ao braço aparafusado dos Precision.

 

Mesmo com toda a concorrência, a Fender reinou absoluta nos anos 50 e 60 no cenário dos baixos. Os baixos Gibson não eram bem aceitos pelos músicos, apesar de usados por alguns artistas importantes como Jack Bruce (Cream).

 

Em 1960, apareceria talvez a última grande criação no segmento de baixos e guitarras: o baixo Fender Jazz Bass. Com um desenho arrojado, o Jazz Bass seria a alternativa para os músicos que queriam mais versatilidade de som. O Jazz Bass oferecia 2 captadores single coil e um braço mais estreito que o do Precision. Logo ficou sendo o preferido para jazz e alguns estilos de rock/fusion, enquanto o Precision ficaria famoso no ambiente de pop/rock. O Jazz Bass ajudaria a popularizar o baixo fretless (sem trastes), com seu som mais parecido com um baixo acústico. Para este quesito em particular, o baixista virtuoso Jaco Pastorius teve grande importância, ao arrancar com um alicate os trastes de seu Jazz Bass, transformando-o em um fretless de uma hora para outra (a Fender inclusive lançou uma série especial do Jazz Bass, modelo Jaco Pastorius, onde os baixos saem da fábrica com as marcas de pancadas, arranhões e falhas na pintura exatamente nos locais em que estavam presentes no baixo original de Jaco).

 

Hoje, quase 50 anos após o que pode ser considerado o último evento realmente expressivo na evolução da guitarra, o cenário já se encontra muito mais diversificado. No mundo inteiro milhares de empresas fazem réplicas de modelos famosos, como Les Paul, Stratocaster, Telecaster, Precision, Jazz Bass, etc., além de novos modelos que surgem constantemente.

 

A tecnologia permitiu a criação de instrumentos com características modernas de construção. Hoje são testados novos materiais, além da madeira, como resinas de grafite, fibras de carbono, fibras de vidro e muitos outros (os modelos mais caros da Stratocaster, por exemplo, possuem reforços internos ao braço em grafite).

 

A parte eletrônica também evoluiu muito. Os captadores magnéticos ainda reinam, porém já existem instrumentos utilizando circuitos ativos, captadores piezoelétricos (que funcionam através da alteração de pressão em um cristal), captadores óticos (que "vêem" a vibração da corda e a amplificam) e tantas outras idéias. Hoje, no momento de rápida evolução em que vivemos, "o céu é o limite", mas acredito firmemente que a guitarra elétrica em sua concepção básica já conquistou definitivamente um lugar no coração e no ouvido de todos nós, e por isso veio para ficar.


fonte: https://whiplash.net/materias/biografias/072276.html

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

DICAS PARA APRENDER E MEMORIZAR MÚSICAS



DICAS PARA APRENDER E MEMORIZAR MÚSICAS  

Aprender a tocar uma música pode ser uma tarefa desafiadora, especialmente se você não tem experiência prévia com um instrumento. No entanto, com a abordagem certa e a prática constante, qualquer pessoa pode dominar uma música e tocá-la de forma fluente.

Aqui estão algumas dicas para ajudá-lo a estudar e memorizar uma música:

1. Escute a música repetidamente: Antes de começar a praticar, ouça a música repetidamente. Escute a melodia, o ritmo, a harmonia e a dinâmica da música. Tente identificar as partes principais e o formato geral da música. Isso ajudará você a entender a estrutura da música e a prepará-lo para aprender a tocar.

2. Divida a música em partes menores: Uma música pode ser bastante longa e complexa. Para tornar a tarefa de aprendizagem mais fácil, divida-a em partes menores. Comece com a introdução e, em seguida, trabalhe nas estrofes, refrões e pontes. Depois de ter dominado cada parte separadamente, tente tocá-las em sequência.

3. Aprenda a melodia: Aprender a melodia é uma parte crucial do processo de aprendizagem de uma música. A melodia é a linha principal da música e é geralmente tocada pela voz ou pelo instrumento principal. Tente tocar a melodia lentamente, nota por nota, e pratique até que você possa tocar com confiança.

4. Pratique as notas individuais: Depois de ter aprendido a melodia, comece a praticar as notas individuais. Tente tocar cada nota claramente e com precisão. Se você tiver dificuldade em tocar uma nota específica, pratique essa nota isoladamente até que você possa tocá-la sem problemas.

5. Pratique os acordes: Os acordes são a base da harmonia da música. Eles são compostos por três ou mais notas tocadas juntas. Pratique os acordes individualmente e, em seguida, pratique a transição de um acorde para outro. Isso é especialmente importante se você estiver tocando um instrumento como o violão ou o teclado.

6. Pratique em diferentes velocidades: Uma vez que você tenha dominado as notas e os acordes, comece a praticar em diferentes velocidades. Pratique a música lentamente para se concentrar na técnica e na precisão, e depois aumente gradualmente a velocidade para se aproximar do ritmo original da música.

7. Toque a música com acompanhamento: Tocar a música com acompanhamento, seja com um metrônomo ou com uma gravação, ajudará a melhorar o ritmo e a sincronia. Você também pode tocar com outras pessoas para praticar a habilidade de tocar em conjunto.

8. Memorize a música: Quando você sentir que está confortável tocando a música, tente memorizá-la. Isso ajudará você a se concentrar na técnica e na expressão musical, em vez de se preocupar com a leitura de partituras ou tablaturas.

9. Pratique regularmente: A prática regular é a chave para aperfeiçoar suas habilidades musicais. Tente praticar por pelo menos 30 minutos por dia e, se possível, pratique em um horário consistente todos os dias.


Conclusão:

Aprender uma música exige tempo, paciência e muita prática. A memorização de uma música pode ser uma tarefa desafiadora, mas com as dicas acima, você pode se sentir mais confiante e preparado para aprender e memorizar uma música.

É importante lembrar que a prática não deve ser apenas para memorizar, mas sim para melhorar suas habilidades musicais de uma maneira geral. Com o tempo e a prática, você verá que tocar uma música pode se tornar algo natural e prazeroso.

Lembre-se de que não há uma maneira única de aprender e memorizar uma música. Cada pessoa tem seu próprio ritmo e estilo de aprendizagem, então não tenha medo de experimentar diferentes abordagens e descobrir o que funciona melhor para você.

Por fim, divirta-se! Tocar uma música é uma forma de expressão artística e uma maneira de se conectar com os outros. Não se esqueça de aproveitar o processo e compartilhar sua música com outras pessoas.



UM RESUMO SOBRE A HISTÓRIA DA HARMONIA



A harmonia é uma das principais características da música ocidental, e pode ser definida como a combinação de diferentes sons para produzir uma sonoridade agradável e coerente. Embora a harmonia tenha sido desenvolvida ao longo de séculos, suas raízes podem ser rastreadas até a Antiguidade.
Na Grécia antiga, a música era vista como uma arte divina, e a teoria musical era estudada pelos filósofos, como Pitágoras, que acreditava que a música era governada por leis matemáticas. Eles desenvolveram um sistema de notas musicais baseado em proporções matemáticas, chamado de sistema pitagórico, que é considerado uma das primeiras tentativas de se criar uma harmonia.
Durante a Idade Média, a música foi usada principalmente na liturgia religiosa, e a harmonia era vista como uma forma de aprimorar a música sacra. As primeiras notações musicais eram simples, e os músicos eram encorajados a improvisar harmonias para acompanhar os cantos.
Foi na Renascença, porém, que a harmonia começou a ser desenvolvida de forma mais sistemática. Os compositores da época, como Palestrina e Josquin des Prez, usavam a polifonia (a combinação de diferentes vozes) para criar uma harmonia rica e complexa. Eles usavam acordes e cadências, que são combinações específicas de notas que ajudam a criar uma sensação de tensão e resolução.
Durante o Barroco, a harmonia continuou a ser refinada, e os compositores começaram a explorar novas possibilidades harmônicas. Bach, por exemplo, é conhecido por sua habilidade em criar harmonias complexas e intrincadas. Ele usava acordes e progressões harmônicas complexas para criar uma sonoridade rica e polifônica.
No século XIX, a harmonia continuou a evoluir, e novas teorias musicais foram desenvolvidas. Uma das mais importantes foi a teoria dos acordes, desenvolvida por Rameau, que explicava como os acordes eram construídos e como funcionavam dentro de uma progressão harmônica. A teoria dos acordes teve uma influência significativa no desenvolvimento da música clássica ocidental, e é ainda usada pelos músicos e compositores hoje em dia.
No século XX, a harmonia continuou a se desenvolver, e novos estilos musicais foram criados, como o jazz e o rock. No jazz, a harmonia é caracterizada por progressões de acordes complexas e improvisação, enquanto no rock, a harmonia é muitas vezes baseada em acordes simples e repetitivos.
Em resumo, a harmonia na música ocidental tem uma longa e rica história, que começou na Grécia antiga e continuou a evoluir ao longo dos séculos. Os compositores da Renascença e do Barroco foram especialmente importantes no desenvolvimento da harmonia, que se tornou uma parte fundamental da música clássica ocidental. Hoje em dia, a harmonia é ainda uma das principais características da música, e é estudada e usada por músicos e compositores de todos os gêneros musicais.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

O Cristão e a Música SECULAR

Não faz sentido algum a alegação de que um cristão não pode ouvir músicas seculares como entretenimento, ou estudo. Os defensores desta ideia inclusive forçam a amizade alegando que uma tal de Lúcifer (isso mesmo o capiroto) era o responsável pela música no céu e, por isso, devemos consumir músicas apenas “consagradas”. Obviamente a bíblia não fala de coisas como Filmes, Novelas, Spotify, Facebook, Instagram, Snapchat, Tik Tok, Twitter, Youtube, etc... Será então que todas as demais maneiras de se consumir cultura estão “liberadas”? Ou seria apenas hipocrisia afirmar que APENAS A MÚSICA seja o foco do problema?

Quer se abster de consumir cultura não-cristã? Isso sim parece coerente (embora idiota), faça o seguinte, também não veja TV, não assista Filmes, não use eletrônicos… e PELAMORDEDEUS não acesse a Internet. Deus tá vendo!

Nosso conceito cristão-ocidental de sagrado e profano, além de idiota é também recente. Para um cristão do primeiro século, esta divisão (principalmente na música) não existia. O conceito de música cristã surgiu séculos depois, exatamente na época em que a Igreja mergulha em sua fase mais obscura (Idade Média).
Ou seja esse medo da contaminação é incoerente e biblicamente equivocado
Marcos 7:15 "Nada há, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele isso é que contamina o homem."

A verdade é que a corrupção não vem de fora. Ela está em nossos corações. É o nosso passageiro sombrio que não nos abandona. Porém não deveríamos nos abater com as aflições desta vida. Mas pela mortificação de nossa vontade, a cada dia Cristo vive mais visivelmente em nós. Ou pelo menos deveria ser assim.

Da mesma forma, não existe músico cristão! O que existe é cristão que é músico, não arrume um desculpa pra tentar santificar ou demonizar uma profissão ou cargo, você é músico e ponto final.

Quer usar um filtro para o que deve ou não ouvir? Use Filipenses 4:8 “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

Tem muita coisa boa por ai, e da mesma forma porcarias, inclusive no meio dito como cristão, onde sendo otimista 90% das músicas são descartáveis. Sem falar que existem músicas seculares com valores muito melhores que outras ditas como destinada ao louvor e adoração, mentindo em nome de Deus, falando o que Ele não disse, e por ai vai.

Entenda que é Deus que capacita TODOS com talentos e habilidades, e não só aquela turminha que vive arrotando santidade por ai, colocando o selo de qualidade Gospel como garantia das coisas. Foi Deus que fez o magma que se obtém o aço, mas que inventou o revolver foi o mal uso das capacidades. Da mesma forma a música, é só filtrar o que não presta, que por exemplo fere os preceitos da moral, ética, família, etc...

Tiago 1:17 “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.

Em resumo, só existe música do MUNDO, não existe outra opção extraterrestre, filtre e faça bom proveito (Fl 4:8). Tudo que é bom vem de Deus. Escolha bem. Na sua graça, nosso Deus deu dons e talentos até mesmo aos descrentes.

Aos santarrões legalistas, vamos a etimologia da palavra "Música": é visto no latim "musĭca", que origina-se do grego "mousikḗ", associado a "moûsa", fazendo alusão à força artística das musas, em referencia as personagens femininas da mitologia grega que tinham a missão de agradar os Deuses do Olimpo. As musas tinham várias habilidades e entre elas se destacava o domínio da melodia, o ritmo e a harmonia para criar belos sons. Estas divindades, todas filhas de Zeus e Mnemosine, logo se tornaram personagens que inspiravam os artistas. Na qual se constitui, basicamente, de uma sucessão de sons, entremeados por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo de um determinado tempo. Assim, é uma combinação de elementos sonoros que são percebidos pela audição. Mas e ai cadê seu legalismo?

Pra não me alongar aqui, aconselho que estude história da música, pesquise qual a influência daquela música que lhe agrada, e como o gênero e o estilo chegou até você, o "Hadouken" vai ser bem maior...


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

PERÍODOS, COMPOSITORES E OBRAS

 

Medieval e Renascentista

Período extenso e marcado pela diversidade. No século 7, surge a monodia (uma única linha melódica) do canto gregoriano – monodia que, sob uma forma profana, também será usada pelos trovadores. No século 12, com a Escola de Notre Dame (Paris), aparecem formas polifônicas (entrelaçamento de mais de uma melodia, nas quais Pérotin foi mestre.

O aperfeiçoamento dos instrumentos, as exigências litúrgicas e o surgimento de um mercado formado pela nobreza feudal e pela burguesia mercantil das cidades determinaram a expansão da polifonia, com importantes contribuições de Machaut, Du Fay e Palestrina.


Barroco

Nenhuma escola musical possui analogias tão nítidas com as artes plásticas como o barroco: há o culto do ornamento, do arabesco – notas que enfeitam a melodia. De Monteverdi a Johann Sebastian Bach, a música descobre a profusão dos sons simultâneos como meio de alcançar o belo. Como pano de fundo dos instrumentos que se revezam na narração melódica, surge o baixo contínuo (em geral o cravo). A linguagem tonal se firma como sustentáculo da polifonia. Emergem novos gêneros musicais: oratório, cantata, sonata para teclado.

Clássico

O classicismo surge em meados do século 18. Haydn passa a usar formas mais econômicas de expressão. Carl Philip Emanuel Bach (filho de Johann Sebastian) depura a sinfonia dos maneirismos. Gluck impõe o primado da música orquestral sobre as improvisações vocais da ópera napolitana. Essas inovações serviram de base ao mais genial compositor do período, Mozart. Coube a ele levar a nova linguagem ao extremo. A exemplo de Bach com o barroco, Mozart foi ao mesmo tempo, para o classicismo, o mais representativo e o grande coveiro: para não repeti-lo, era preciso inventar outra coisa. Beethoven foi um dos que entenderam o recado.

Romântico

O romantismo criou uma profusão de novas formas de expressão: o moderno sinfonismo que começa com Beethoven, o lied (canção) que se consolida com Schubert. A música torna-se uma mercadoria. No lugar dos pequenos conjuntos a serviço de igrejas ou aristocratas, surgem as orquestras e as companhias de ópera financiadas com a venda de ingressos ao público. O plano, instrumento doméstico, cresce com Chopin, Schumann e Liszt. No teatro, a música vai do melodrama de Bellini e da comédia de Rossini à grandiloquência de Verdi e à ópera filosófica de Wagner. O estilo romântico permanece até hoje como a principal referência de ideia da música erudita para o público em geral.

Pós-romântico ou Impressionismo

Não houve um pós-romantismo como há hoje um pós-modernismo. A designação engloba uma reação estética que procurou dar uma eloquência menos subjetivista à música, colocá-la num patamar superior de racionalidade, por meio de achados harmônicos mais ousados e de formas mais despojadas. Em lugar de Bruckner, a orquestra sinfônica fala a linguagem de Claude Debussy e Maurice Ravel. A música perde em pretensão, mas ganha em simplicidade. A estética do Impressionismo na música rejeitou, em grande parte, o rigor e a precisão dos contornos melódicos e o desenvolvimento lógico da linguagem do tonalismo. Em vez disso, procurou criar sonoridades delicadas e sofisticadas, que pudessem retratar os títulos das composições, que evocavam a água, a neblina e as nuvens, a noite e as fontes.

Contemporâneo

Olivier Messiaen tornou-se em 1942 professor de harmonia do Conservatório de Paris. Ainda nos anos 40 teria como alunos Boulez, Stockhausen e Berio. O atonalismo, concluíram, tinha se esgotado. Era preciso dar novos passos na lógica de organização dos sons. Surgiu uma vanguarda que forneceu à música um caráter permanentemente experimental. Chacelou a música eletroacústica e expandiu os limites da expressão.

Brasileiros

A música erudita brasileira nasceu nas igrejas, como o barroco mineiro, pernambucano e baiano. Em Minas Gerais, principalmente em Ouro Preto, a música cresceu muito, pois naquela época a extração de ouro e diamantes trouxe enorme prosperidade e atraiu muitas pessoas. O padre José Maurício Nunes Garcia, nascido em 1767, foi um dos mais importantes compositores desse período. Prosseguiu como banda sinfônica e música de salão no século 19. Mas o primeiro compositor brasileiro a ficar mundialmente conhecido foi Antônio Carlos Gomes, que viveu no século 19. Suas óperas fizeram sucesso até no Scala, de Milão (Itália), um dos teatros de ópera mais importantes da Europa. Já no século 20, Heitor Villa-Lobos seria o maior representante da cultura brasileiro na música erudita, com obras tocadas em todo o mundo. Juntamente com Camargo Guarnieri, estes compositores colocaram o Brasil definitivamente na História da Música Ocidental.

Período

Compositor

Nascimento-Morte

Origem

Principal obra

Medieval e Renascentista

Pérotin

c.1160-1225

Francês

Vidernp Omnes

 

Hildegard von Bingen

1098-1179

Alemão

Sequentiae

 

Afonso 10º, o Sábio

1221-1284

Espanhol

Cantigas de Santa Maria

 

Adam de La Halle

c.1245-1288

Francês

Le Jeu de Robin et Marion

 

Guillaume de Machaut

c.1300-1377

Francês

Missa de Notre Dame, Motetos

 

Guillaume Du Fay

c.1397-1474

Francês

L’Homme Armé, missa

 

Thomas Tallis

c.1505-1585

Inglês

Missa a Quatro Vozes

 

Giovanni Pierluigi da Palestrina

c.1525-1594

Italiano

Missa de Beata Vergine

 

William Byrd

1543-1623

Inglês

Missa a Três Vozes em Fá Maior, peças para cravo

 

Giovanni Gabrieli

1553-1612

Italiano

Motetos de Natal

 

Carlos Gesualdo

1560-1613

Italiano

Madrigais

 

John Dowland

1563-1626

Inglês

Peças para Alaúde

 

Girolamo Frescobaldi

1583-1643

Italiano

Missa sopra l’Aria dela Monica a oito vozes

 

Heinrich Schutz

1585-1672

Alemão

Oratório da Ressureição

Barroco

Claudio Monteverdi

1567-1643

Italiano

Orfeo (ópera), Madrigais

 

Henry Purcell

1659-1695

Inglês

Sonatas, Fantasias (para cordas), The Fairy Queen (ópera), Dido and Aeneas (ópera)

 

François Couperin

1668-1733

Francês

Le Parnasse, peças ara cravo

 

Antonio Vivaldi

1678-1741

Italiano

Concertos op.8 no. 1 a 4 (As Quatro Estações), Concerto para Flauta e Cordas, op. 10 (La Tempesta di Mare)

 

Georg Philipp Telemann

1681-1767

Alemão

Concerto para Três Oboés em Si Bemol Maior

 

Domenico Scarlatti

1685-1757

Italiano

Sonatas para Cravo

 

Jean-Philippe Rameau

1683-1764

Francês

Apoteose da Dança no Século 18

 

Johann Sebastian Bach

1685-1750

Alemão

Concertos de Brandenburgo, A Arte da Fuga, Variações Goldberg, Paixão Segundo São Mateus, O Cravo Bem Temperado

 

Georg Friedrich Haendel

1685-1759

Alemão

Música Aquática, O Messias, Suites para Cravo Solo

 

José Joaquim Lobo de Mesquita

1746-1805

Brasileiro

Responsório de Santo Antonio

Clássico

Carl Phillip Emanuel Bach

1714-1788

Alemão

Sonatas para Clavicórdio, Sinfonias Hamburgo

 

Cristoph Willibald Gluck

1714-1787

Alemão

Orfeu e Eurídice (ópera)

 

Joseph Haydn

1732-1809

Austríaco

Sinfonias Londres, Quartetos, A Criação (oratório)

 

Domenico Chimarosa

1749-1801

Italiano

Il Matrimonio Segreto (ópera)

 

Wolfgang Amadeus Mozart

1756-1791

Austríaco

Sonatas para Piano, Concertos para Piano e Orquestra, A Flauta Mágica (ópera), As Bodas de Fígaro (ópera)

Romântico

Ludwig van Beethoven

1770-1827

Alemão

Fidelio (ópera), Concertos para Piano e Orquestra, Sonatas para Piano opus 57, 106, 110 e 111, Missas Solemnis, Quartetos opus 59, 130, 131 e 132, Sinfonias (1 a 9)

 

Franz Schubert

1797-1828

Austríaco

Quarteto e Cordas – A Morte e a Donzela, Sinfonia 8 em si menor (inacabada), Improvisos para Piano, op 90, Die Winterreise (ciclo de canções)

 

Giacchino Rossini

1792-1868

Italiano

O Barbeiro de Sevilha (ópera), Cenerentola (ópera), Guilherme Tell (ópera)

 

Vincenzo Bellini

1801-1835

Italiano

Norma (ópera)

 

Hector Berlioz

1803-1869

Francês

Sinfonia Fantastica

 

Felix Mendelssohn- Bartholdy

1809-1847

Alemão

Sinfonia 4 (Italiana), Sonho de uma Noite de Verão, Octeto opus 20

 

Robert Schumann

1810-1856

Alemão

Concerto para Piano e Orquestra, Fantasia para piano op 17, Os Amores do Poeta, ciclo de canções

 

Frédéric Chopin

1810-1849

Polonês

Noturnos, Prelúdios e Estudos, Concerto 2 para Piano e Orquestra em fá menor, op 21

 

Franz Liszt

1811-1886

Húngaro

Sonata em si menor, Rapsódias Húngaras

 

Richard Wagner

1813-1883

Alemão

Parsifal (ópera), Tristão e Isolda (ópera), O Anel dos Nibelungos (Tretalogia), Os Mestres Cantores de Nurenberg (ópera)

 

Giuseppe Verdi

1813-1900

Italiano

Requiem, Rigoletto (ópera), La Traviata (ópera), Um Ballo in Maschera (ópera), Otello (ópera), Falstaff (ópera)

 

Anton Bruckner

1824-1896

Austríaco

Sinfonia no. 4 em mi bemol maior (Romântica)

 

Johannes Brahms

1833-1897

Alemão

Sinfonias (1 a 4), Concerto para Piano no. 2, Sextteto para Cordas no. 1 op 34, Intermezzi para Piano

 

Antônio Carlos Gomes

1836-1896

Brasileiro

O Guarani (ópera), Fosca (ópera)

 

Georges Bizet

1838-1875

Francês

Carmen (ópera)

 

Piotr Llyitch Tchaikowski

1840-1893

Russo

Sinfonia no.6 (Patética), Concerto para Piano e Orquestra no. 1

 

Antonin Dvorak

1841-1904

Tcheco

Sinfonia no. 9 (Novo Mundo), Quarteto para Cordas no. 10 (Eslavo)

 

Giacomo Puccini

1858-1924

Italiano

La Bohème (ópera)

 

Manoel de Falla

1876-1946

Espanhol

Sete Canções Populares Espanholas

Pós-romântico ou Impressionismo

Claude Debussy

1862-1918

Francês

La Mer, Três Esboços Sinfônicos, Prélude pour l’Après-Midi d’ um Faune, Pelléas et Mélisandre (ópera), Prelúdios para Piano

 

Maurice Ravel

1875-1937

Francês

Rapsódia Espanhola, Bolero, Le Tombeau de Couperin (piano)

 

Alberto Nepomuceno

1884-1920

Brasileiro

Suite Antiga, Sinfonia em Sol Menor

 

Francis Poulenc

1899-1963

Francês

Sonata para piano e flauta, La Voix Humaine

Moderno

Richard Strauss

1864-1949

Alemão

Morte e Transfiguração (poema sinfônico), Elektra (ópera), O Cavaleiro da Rosa (ópera), Quatro Últimas Canções (lieder)

 

Arnould Schoenberg

1874-1951

Austríaco

A Noite Transfigurada (poemas sinfônicos), Moises e Aaron (ópera), Pierrô Lunar (para soprano e osquestra), Peças para Piano

 

Charles Ives

1874-1954

Americano

Sonata para Piano no. 1, Three Places in New England

 

Igor Stravinski

1882-1971

Russo

A Sagração da Primavera, O Pássaro de Fogo, Petrouchka, Movimentos para piano e orquestra

 

Heitor Villa-Lobos

1887-1959

Brasileiro

Nove Bacchianas Brasileiras, Rudepoema para piano, Sonata para Violoncelo e Piano no. 2

 

Sergei Prokofiev

1891-1953

Russo

Sinfonia no. 1 (Clássica), Concerto para Violino e Orquestra no. 1, O Amor das Três Laranjas (ópera)

 

Oscar Lorenzo Fernândez

1897-1948

Brasileiro

Suite Reisado do Pastoreio

 

Francisco Mignone

1897-1986

Brasileiro

Maracatu do Chico Rei

 

Aaron Copland

1900-1990

Americano

El Salon Mexico (suíte sinfônica)

 

Radámes Gnattali

1906-1988

Brasileiro

Quarteto a Cordas no. 3

 

Camargo Guarnieri

1907-1992

Brasileiro

Dança Brasileira para orquestra sinfônica, Concerto para Piano e Orquestra no. 5

 

Elliott Carter

n. 1908

Americano

A Simphony for Three Orchestras, Night Fantasies para piano

 

Bernard Bernstein

1918-1991

Americano

Sinfonia no. 1 (Jeremias), West Side Story (ópera)

 

Claudio Santoro

1919-1989

Brasileiro

Ponteio

 

Iannis Xenakis

n.1922

Grego

Metastasis, Tetras

 

Zoltan Kodály

1922-1967

Húngaro

Hary János (suite orquestral)

Contemporâneo

Olivier Messiaen

1908-1992

Francês

Turangalila, Quatour pour la fin du Temps

 

John Cage

n.1912

Americano

Sonatas e Interlúdios

 

György Ligeti

n.1913

Húngaro

Concerto para Piano e Orquestra, Le Grand Macabre (ópera)

 

Witold Lutoslawski

n.1923

Polonês

Sinfonia nº 3

 

Luigi Nono

1924-1990

Italiano

Fragmente-Stille

 

Pierre Boulez

n.1925

Francês

Le Marteau sans Maitre, Pli selon Pli, Répons

 

Luciano Berio

n.1926

Italiano

Sinfonia, Sequenze, Coro

 

György Kurtág

n.1926

Húngaro

Messages of the late Miss R.V. Troussova, Grabstein für Stephan

 

Harrison Birtwistle

n.1934

Inglês

Gawain’s Journey (ópera); Silbury Air

 

Philip Glass

n.1937

Americano

Einstein on the Beach (ópera)

 

Brian Ferneyhough

n.1943

Inglês

Carceri d’Invenzio


 Fonte: IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Períodos, Compositores e Obras. História das Artes, 2023.