A história
A partir da descoberta de
artefatos musicais da antiguidade, supõe-se que a primeira escala desenvolvida
tenha sido a escala de cinco sons ou pentônica, o que é confirmado pelo estudo
de sociedades antigas encontradas contemporaneamente. Observando-se, no
entanto, que a palavra "pentatônica" é, na verdade, substituída no
vocabulário musical, pela palavra "pentafônica", uma vez que a
primeira (pentatônica), remete à ideia de cinco notas tônicas em uma mesma escala
ou tonalidade sonora musical, o que não é a verdade; e a segunda (pentafônica)
refere-se, mais claramente, à escala ou tonalidade formada por cinco sons ou
notas diferentes. No entanto, o termo "pentatônica" ainda é muito
mais utilizado popularmente do que o termo "pentafônica".
As escalas de 7 notas foram
prováveis desenvolvimentos da escala pentatônica e tem-se o registro de sua
utilização pelos gregos (vou tratar especificamente delas na parte 2 desse post em outro artigo), apesar de que qualquer tentativa de resgate da
sonoridade dessas escalas tratar-se-á de exercício puramente especulativo.
A música grega morre junto
com o Império Romano, deixando apenas uma nota de rodapé do que seria todo
o sistema musical utilizado à época. O fato é que, com o surgimento do
cristianismo, houve uma adoção dos ritos judaicos, e essa é a origem do que
seria a música ocidental posterior. Na Idade Média, a elaboração de um
sistema de escalas (vem do italiano e significa escada) levava em conta,
não somente a nota fundamental do modo (fundamentalis),
como também a chamada corda de recitação, que era a nota ao redor da qual a
melodia se desenvolvia, sendo essa nota a mais utilizada na música. Essas
escalas foram chamadas de modos eclesiásticos e compunham-se de
quatro: protus, deuterus, tritus e tetrardus.
Esse sistema, chamado modal,
não é um sistema totalmente definido; como há variação da corda de recitação
entre duas músicas, elas podem estar dentro de um mesmo modo, mas se
desenvolvem em direções diferentes, sendo reclassificadas aí, a depender do
âmbito em que elas se desenvolveram, como estando no modo plagal ou autêntico.
Além disso, a música poderia muito bem gravitar entre os modos, o que
dificultaria a classificação exata sobre o modo em que ela está (ou em que modo
começou, ou em que modo terminou).
Posteriormente, dois modos receberam a preferência dos compositores (o modo
chamado jônico, ou tritus plagal, e o chamado eólio, ou protus plagal), sendo
estes as origens das escalas diatônicas maior e menor: iniciava-se o
período tonal da música.
A partir
do temperamento da música, ocorrido no século XVIII, onde
procurava-se dar os mesmos valores proporcionais aos intervalos da escala
diatônica, surge uma nova escala, em que todas as notas têm o mesmo valor
dentro desta: A escala cromática.
Com o segundo período do
romantismo musical (romantismo nacionalista), fez-se necessária a incorporação
de escalas exóticas nas quais as músicas de muitos países se baseavam. Às
escalas ciganas, já conhecidas séculos antes, juntam-se escalas mozárabes,
russas, eslavas, etc...
O compositor e pianista Claude Debussy incorpora
a escala de tons inteiros, também conhecida como escala hexafônica
(simétrica), onde se divide a oitava em seis intervalos iguais de um tom, à
música. Posteriormente, novas escalas surgiram, com a chamada música
micro-tonal, além de incorporações de escalas antigas, como a indiana, que
divide a oitava em 22 sons, e a escala nordestina brasileira, mistura dos
modos lídio e mixolídio. Sendo um modo nada mais que derivado do
IV grau da escala menor melódica, precisamente mixolídio 4#.
Tipos
mais comuns de Escalas
Escalas modernas, que na
cultura ocidental são as mais utilizadas:
Escala cromática
Escala Maior
Escala menor
Escala pentatônica,
sendo que a mesma teve inserções e variações, sendo as mais comuns:
Maior, menor, pentablues (adicionando a 4#), m6, (M)7,
m7/5b, m7M, M5#, dim°, etc...
No caso das Escalas menores,
as mesmas se dividem basicamente em 3 grupos :
Escala Menor Natural ou Primitiva
Escala Menor Harmônica
Escala Menor Melódica
Modos
Gregos
Escalas gregas ou modos
gregos, também chamados modos litúrgicos ou modos eclesiásticos, como Dórico, Frígio e Lídio.
No tocante aos modos
derivados, temos as seguintes sonoridades (21 no total):
Derivados da Escala
diatônica maior:
I Jônio
II Dórico
III Frígio
IV Lídio
V Mixolídio
VI
Eólio
VII Lócrio
Derivados da Escala menor
harmônica:
I Eólio 7M
II Lócrio 6
IIIb Jônio 5#
IV Dórico 4#
V
Mixo 9b13,
VIb Lidio 9#
VII Diminuta/
Alterada 6
Derivados da Escala menor
melódica:
I Dórico 7M
II Frígio 6
IIIb Lídio 5#
IV Mixolídio 4#
V Mixo 13b
VI Lócrio 9
VII Alterada
Escalas
exóticas
Formas escalares que não
sejam os modos maior, menor ou eclesiásticos são conhecidos como escalas
exóticas, artificiais ou sintéticas. Algumas são derivadas da música
folclórica, algumas vêm de outras culturas que não a Ocidental, e algumas são
construídas por compositores para gerar relações intervalares especiais. Essas
formas escalares podem ser construídas a partir de qualquer nota. Entre as
escalas mais comuns nessas categorias estão as seguintes:
Cigana Espanhola (7b)
T 2b 3M 4 5 6b 7b
Cigana Espanhola (7M) T 2b 3M 4 5 6b 7M
Pelog Javanês T 2b 3b 4 6b
Balinesa T 2b 3b 5 6b
Scriabin T 2b 3M 5 6
Hiro Josh (Japão) T 2 3b 5 6b
Iwato (Japão) T 2b 4 5b 7b
Kumoi Josh (Japão) T 2b 4 5 6b
Kokin Josh (Japão) T 2b 4 5 7b
havaiano T 2 3b 5 6
Prometheus T 2 3M 4 # 7b
P'Yangio (Coreia) T 2 4 5 6
Enigmática T 2b 3M 4 # 5 # 6 # 7M
Napolitana T 2b 3b 4 5 6b 7M
Napolitana (6M) T 2b 3b 4 5 6M 7M
Cigana Húngara T 2 3b 4 # 5 6b 7b
Oriental T 2b 3M 4 5b 6b 7b
Tom inteiros T 2 3M 4 # 5 # 7b
Tom inteiros (7M) T 2
3M 4 # 5 # 7b (7M)
Lídio menor T 2 3b 4
# 5 6b 7b
Árabe (major locrian) T 2 3M 4 5b 6b 7b
Escala Árabe T 2b 3M 4 5 6b 7b
Persa T2b 3M 4 5b 6b
7M
Bizantina liturgicaT 2b 3M 4 5 6b 7M
Húngara T 2 # 3M 4 # 5 6 7b
Húngara menor 1 2 3b # 4 5 b6 7
Romena T 2 3b 4 # 5 6 7b
Hindustão T 2 3M 4 5 6b 7b
Simétrica T 2b 3b 3M 4 # 5 6 7b
Persa T 2b 3M 4 5b
6b 7b
Tunisiana T 2 3b 4# 5
6 7b
Síria (pentatônica) T 2b 3M 4 5#
Hindu T 2 3M 4 5# 7b
Etíope T 2 3M 4 5 5# 7M
Enigmática T 2b 3M 4# 5# 6# 7M
Escala Egípcia T 2 4 5 7b
Chinesa antiga (ancient chinese) T 2 3M 4# 5 6
Chinesa T 3M 4# 5 7M
Argelina T 2 3b 4 4# 5 6b 7M
Escalas
Simétricas
São aquelas que possuem
exatamente a mesma seqüência de intervalos quando tocadas de forma ascendente e
descendente. Em outras palavras, utilizamos a mesma lógica (estrutura
intervalar) para executar a escala nos dois sentidos: de baixo para cima e de
cima para baixo. Entre as mais comuns temos
Cromática (semitons) T 1#/2b 2 2#/3b 3M 4 4#/5b 5 5#/6b 6
7b 7M
Tons Inteiros (tons) T 2 3M 4# 5# 7b
Diminuta (tom, semitom) T 2 3b 4 5b 6b 7bb 7M
Dominante Diminuta (semitom, tom) T 2b 2# 3M 4# 5 6 7b
Arpejo Diminuto (um tom e meio) T 3b 5b 7bb
Aumentada (um tom e meio, semitom) T 2# 3M 5 6b 7M
Modos de Transposição Limitada
Os modos de transposição limitada são modos
de música que possuem certa simetria e propriedades de repetição em um
número limitado de transposições . Esses modos são em número de 7 e
retornam à sua forma inicial após 2, 3, 4 ou 6 transposições.
Eles foram codificados pela primeira vez pelo
compositor Olivier Messiaen em seu livro "Technique de mon langue
musical". Ele os estudou ao mesmo tempo em seus aspectos harmônicos e melódicos:
M1 - T 2 3M 4# 5# 7b (intervalos de tom, escala hexafônica - tons inteiros)
O primeiro modo de Messiaen, também chamado
de escala por tons , consiste em seis segundos principais.
É definido pelos intervalos: tom, tom, tom, tom, tom, tom . Possui
duas transposições e um modo. Este modo não é uma invenção de Messiaen, mas já
existia na literatura musical: Mikhaïl Glinka ( Rouslan e
Ludmila ), Franz Liszt, Rimsky-Korsakov ( Le coq d'or ), e
especialmente Vladimir Rebikov , Claude Debussy e Béla Bartók (que
considerado um modo intermediário entre o diatonismo e o cromatismo) usou-o
extensivamente antes de Messiaen.
M2 - T 2b 2# 3M 4# 5 6 7b (escala Dominante Diminuta)
O segundo modo ou escala octotônica é
dividido em quatro grupos de três notas cada. Ele tem três transposições, como
o acorde diminuto com sétima para que você possa encadear quatro
sétimas menores ou nonas dominantes a uma distância das terças menores. É
também denominado "modo meio-diminuto", "tom semitom" ou
"modo Bertha".
M3 - T 2 3b 3M 4# 5 6b 7b 7M
O terceiro modo (escala não atônica) é dividido em
três grupos de quatro notas cada. Possui quatro transposições, como o acorde
de quinta aumentada . Você pode encadear três sétimas ou nonas maiores com
uma distância das terças maiores. Note-se que a escala de tons ( 1 r modo)
está incluído lá.
O quarto , quinto , sexto e sétimo
modos têm seis transposições cada, como a "salamandra".
M4 – T 2b 2 4 4# 5 6b 7M
M5 – T 2b 4 4# 5 7M
M6 – T 2 3M 4 4# 5# 6# 7M
M7 – T 2b 2 3b 4 4# 5 6b 6 7M
Na música , "salamandra" é outro nome para
o alcance da aumentada (não deve ser confundido com o diminuído direto ). O
termo "trítono" vem do fato de que este intervalo tem exatamente
três tons (enquanto a quinta diminuta tem dois tons e dois semitons
diatônicos ). A salamandra tem a particularidade de ser um intervalo
com movimento forçado (esse intervalo precisa ser resolvido pela
tensão que gera),
Intervalos de modo
Enquanto a escala maior tem como padrão "TT 1 / 2T TTT
1 / 2T", isto é, em número de semitons "2 2 1 2 2 2 1" (a soma
dos quais cobre os 12 semitons da oitava), os modos com transposição limitada
são baseadas em:
Moda
|
Número de semitons
|
"primeiro modo"
|
2 2 2 2 2 2
|
"segundo modo"
|
1 2 1 2 1 2 1 2
|
"terceiro modo"
|
2 1 1 2 1 1 2 1 1
|
"quarto modo"
|
1 1 3 1 1 1 3 1
|
"quinto modo"
|
1 4 1 1 4 1
|
"sexto modo"
|
2 2 1 1 2 2 1 1
|
"sétimo modo"
|
1 1 1 2 1 1 1 1 2 1
|
Nas nomeações dos intervalos citados ao decorrer do artigo, levar em consideração a
enarmonia (mesmo som ou intervalo com mais de um nome), e os intervalos de forma simples e composta.