A escolha da música certa
é importante?
Quais os aspectos que
devem ser levados em conta?
Estas são algumas
perguntas que devemos fazer no momento de escolher alguma canção para compor o
repertório de um grupo de louvor.
Este texto tenta responder
estas perguntas e ainda colocar à reflexão estas questões importantes para nós
e para cada grupo.
Aspectos
ministeriais:
1. Letra:
Ao contrário de muitos estilos musicais, a música
executada por grupos de louvor vai além das questões técnicas musicais e expande para questões
eclesiásticas, com objetivo de edificação da igreja e de levar as pessoas a adorarem a Deus através
da música, naquele momento específico. Por isso, a mensagem transmitida na
letra deve ser centrada no louvor ao Senhor. O que passar disto é para outro
momento e não para o momento do louvor congregacional;
2. Coerência Teológica:
Como estamos lidando com músicas que falam do Senhor e
sua revelação à igreja, toda a letra deve ser baseada na bíblia coerentemente,
sem falácias e más interpretações. O louvor congregacional deve mostrar aquilo
que a igreja, como um todo, quer dizer ao seu Senhor. Isso quer dizer que a letra
a música deve ser baseada no conhecimento das características de Deus. Estas
características são reveladas na bíblia.
3. Aspectos poéticos:
Músicas são também
poesias. E como poesias, são esteticamente elaboradas de acordo com o autor da
mesma, em forma de verso, prosa, rima, etc, até com elementos que transcendem o
mundo real, deixando a cargo de leitor ou ouvinte a sua própria interpretação.
No entanto, em se tratando de músicas de louvor congregacional e edificação da
igreja no culto, o entendimento da mensagem musical deve ser total, sem margens
para ambiguidades ou interpretações indevidas. A mensagem deve ser direta e
deve dar convicção sobre o tema;
4. Músicas centradas em Jesus (Cristocêntricas):
Nos dias atuais estamos sendo bombardeados por um
enfoque totalmente humanista, que coloca o homem à frente de Deus. Infelizmente
na música isto tem sido fortemente difundido. Músicas com letras que trazem um
conforto emocional ao indivíduo e não à coletividade e que em sua essência não
cumprem o seu papel no culto ao Senhor. É preciso então cuidado para escolher
músicas que falem de Deus, que sejam coletivas e não individualistas;
5. Deixe o seu gosto musical individual de lado:
Nem sempre o nosso gosto musical será adequado ao da
igreja como um todo. Devemos pensar na congregação. Claro que, como músicos e
orientados que somos, sabemos o que é melhor em termos de estilo musical para a igreja. No entanto,
devemos ter o nosso coração aberto e deixar nossas preferências individuais de lado;
6. Cuidado com as ondas:
Infelizmente somos sujeitos aos movimentos que atingem
boa parte das pessoas. Devemos nos cuidar para não cair nos modismos embalados pela fama
de determinados artistas gospel. A fama de uma música não deve ser fator
preponderante para a escolha desta música. Nem sempre aquilo que é sucesso é
bom, nem o contrário. E nem sempre o que é bom para um grupo de pessoas será bom
para a nossa congregação;
7. Esteja sensível à voz de Deus à igreja:
Tenha atenção para o que Deus está falando à igreja
através dos pastores, por meio da Sua palavra. Se confiamos que Deus tem
capacitado pessoas para nos liderar e nos abençoar, devemos crer que há uma
harmonia entre Deus – Espírito Santo e a igreja que envolve a ministração da
Sua palavra por eles. Sendo assim, há também de se haver uma sintonia entre as
músicas escolhidas de acordo com o momento que a igreja vive.
8. Alguns textos sobre o que as Escrituras afirmam a
respeito
A Bíblia oferece
princípios e diretrizes que podem orientar a seleção de música para a liturgia
de um culto cristão. Aqui estão alguns textos bíblicos relevantes, juntamente
com breves comentários sobre como podem ser aplicados:
a)
Colossenses 3:16 -
"Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e
aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração."
Comentário: Este versículo
enfatiza a importância de que a música utilizada na liturgia seja fundamentada
na Palavra de Cristo. As letras das músicas devem estar em linha com a teologia
bíblica e transmitir a mensagem do Evangelho de forma precisa e clara. Além
disso, a música deve ser espiritual e motivar a gratidão no coração dos
adoradores.
b)
Efésios 5:19 - "falando entre vós em
salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor no vosso
coração."
Comentário: Esse versículo
destaca a importância do canto congregacional e do louvor ao Senhor. A música
na liturgia deve incentivar a participação ativa da congregação, permitindo que
os adoradores expressem seu louvor e adoração a Deus por meio da música.
c)
Filipenses 4:8 -
"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo
o que é correto, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa
fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o
vosso pensamento."
Comentário: Esse versículo
destaca a importância de escolher músicas que sejam verdadeiras, nobres,
corretas, puras, amáveis e de boa reputação. A música utilizada na liturgia
deve ser edificante e contribuir para a atmosfera de adoração e reverência a
Deus, em linha com os princípios morais e éticos ensinados na Palavra de Deus.
d)
1 Coríntios 14:26 -
"Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, cada um tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação."
Comentário: Este versículo
destaca o princípio da edificação na seleção de música para a liturgia. A
música deve contribuir para o crescimento espiritual e edificação da
congregação. Portanto, a escolha da música deve ser feita com cuidado, levando
em consideração o contexto e as necessidades espirituais da comunidade de fé.
e)
Salmos 150:3-5 -
"Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa.
Louvai-o com o adufe e a flauta; louvai-o com instrumentos de cordas e com
órgãos. Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com os címbalos
altissonantes."
Comentário: Este trecho do
Salmo 150 destaca a diversidade de instrumentos musicais utilizados na adoração
a Deus. Ele nos lembra que a música na liturgia pode envolver uma variedade de
estilos, gêneros e instrumentos, desde que estejam sendo usados para glorificar
a Deus. Portanto, a escolha da música para a liturgia pode levar em
consideração a diversidade musical, respeitando os contextos culturais e as
preferências da comunidade de fé.
Além desses princípios
bíblicos, é importante que a seleção de música para a liturgia seja feita com
oração e discernimento, buscando a direção do Espírito Santo. Os líderes de
adoração e ministros de música devem estar comprometidos em escolher músicas
que promovam a adoração genuína a Deus, que estejam alinhadas com os
ensinamentos bíblicos e que edifiquem a comunidade de fé.
É importante também
envolver a comunidade de fé na seleção de música, levando em consideração suas
preferências, necessidades e contexto cultural. A música na liturgia tem o
poder de impactar a adoração e a experiência espiritual dos adoradores, por
isso é essencial que seja escolhida com cuidado e sabedoria, em conformidade
com os princípios bíblicos e em busca da glória de Deus.
Aspectos
técnicos musicais:
1. Nível de dificuldade:
O nível de dificuldade de uma música, é um fator que
deve ser levado em conta no momento da sua escolha. O nível de complexidade de
uma música não define se ela é mais linda, admirada ou inspirada. No entanto, o líder tem sempre a papel de instigar
todo o grupo ao crescimento musical, introduzindo canções que possam contribuir
para a evolução musical do grupo;
2. Adequação musical/ambiental:
Ritmo, melodia, harmonia, altura, intensidade e timbre
são características intrínsecas da música, mas que também podem nos indicar se a música é
apropriada para determinada ocasião ou não. Por exemplo, há tensões sonoras, originadas da
combinação destes elementos, que exprimem sentimentos como medo, tristeza, alegria, calma,
agitação, etc;
3. Repetições:
Este aspecto tem a ver com o 1º aspecto. O número
de repetições em uma música pode ser tão benéfico quanto maléfico. Se o número de repetições for
adequado para enfatizar determinados trechos de uma música, isto é um
importante recurso para isso. Porém ao repetir demais determinados trechos de
uma canção, isto pode trazer um desconforto sonoro e tornar a música cansativa,
irritativa ou monótona. Há músicas que praticamente se parecem com mantras, tal
é o abuso das repetições;
4. Cuidado com as imitações:
Fazer igual não é tão fácil quanto parece. Quando
escolhemos estudar uma música que foi composta por outras pessoas ou outros
grupos, geralmente tentamos estudar os aspectos mais característicos da música, de modo que seja mantida sua
forma original. Mas há que se ter cuidado para adequar a música ao seu grupo de
forma que isso seja viável e o resultado seja satisfatório musicalmente. É
difícil determinar quando um arranjo foi adaptado com sucesso ou não, se baseado
só na opinião de ouvinte ou gosto musical. Por isso há duas opções nestes
casos, ser de vanguarda e apresentar algo novo, mas questionável, ou optar por
pisar em lugar seguro e ser ortodoxo;
5. Pense no conjunto:
Uma música composta originalmente para uma orquestra
deverá ser muito bem adequada se for executada por um grupo de rock. Há
correntes de pensamento que simplesmente descartam a possibilidade de tais
adequações, alegando que isso seria um total desrespeito com a música original. Porém, em se tratando de grupos musicais
heterogêneos, é quase impossível não lidar com estas adequações. O ideal é
buscar músicas de grupos com características próximas às do seu grupo, e se
passar nos demais quesitos, adapta-la a realidade do grupo;
8. Conselhos práticos de Martinho Lutero
Martinho Lutero
(1483-1546) foi um teólogo, reformador e líder da Reforma Protestante na
Alemanha durante o século XVI. Ele é conhecido por suas contribuições
significativas para a teologia e práticas cristãs, bem como por suas opiniões e
influência sobre a música na igreja.
Lutero tinha uma profunda
apreciação pela música e a considerava como uma forma poderosa de adoração e
ensino. Ele acreditava que a música tinha um papel importante na liturgia e na
vida da igreja, e foi um defensor do uso de músicas congregacionais na língua
vernácula (a língua local falada pelo povo) em vez do latim, que era a língua
litúrgica predominante na época.
Lutero também compôs
muitos hinos e cânticos, sendo autor de algumas letras e melodias populares que
são cantadas até hoje em muitas igrejas protestantes ao redor do mundo. Ele viu
a música como uma forma de transmitir a teologia reformada de forma acessível e
inspiradora para o povo, encorajando a participação ativa da congregação na
adoração.
Além disso, Lutero
valorizava a qualidade musical e acreditava que a música deveria ser bem
executada e agradável aos ouvidos, para que pudesse tocar o coração e a mente
dos adoradores. Ele também defendia a utilização de instrumentos musicais na
adoração, considerando-os como uma forma legítima de expressão na adoração
cristã.
As idéias e contribuições
de Lutero em relação à música tiveram um impacto significativo na forma como a
música é usada na liturgia protestante até os dias atuais, influenciando as
tradições musicais em muitas denominações e igrejas protestantes ao redor do
mundo. Sua compreensão da música como uma parte importante da adoração
congregacional ainda é valorizada e celebrada por muitos cristãos hoje em dia.
Aqui estão alguns conselhos que ele ofereceu em suas
obras:
1)
Use músicas que
sejam compreensíveis para o povo: Lutero acreditava que a música na liturgia
deveria ser acessível e compreensível para o povo comum. Ele defendia o uso de
hinos e cânticos em língua vernácula (a língua falada pelo povo), em vez do
latim, que era a língua litúrgica tradicional da Igreja Católica na época.
2)
Mantenha o foco na
Palavra de Deus: Lutero via a música como uma forma de transmitir a Palavra de
Deus de forma clara e poderosa. Ele aconselhava que as letras das músicas
utilizadas na liturgia fossem baseadas nas Escrituras e que enfocassem a
mensagem do Evangelho, em vez de elementos meramente cerimoniais.
3)
Evite o uso de
músicas extravagantes: Lutero tinha preocupações sobre o uso de músicas
excessivamente elaboradas ou extravagantes na liturgia. Ele acreditava que a
música deveria ser simples e direta, para que pudesse ser compreendida e
apreciada pelo povo.
4)
A música deve
promover a participação congregacional: Lutero valorizava a participação ativa
do povo na liturgia, inclusive na música. Ele encorajava o canto congregacional
como forma de envolver a congregação na adoração e na compreensão da mensagem
da fé.
5)
A música deve estar
em harmonia com a mensagem do Evangelho: Lutero acreditava que a música na
liturgia deveria estar em sintonia com a mensagem central do Evangelho, que é a
graça salvadora de Deus por meio da fé em Jesus Cristo. Ele desencorajava o uso
de músicas que contradissessem ou desviassem dessa mensagem.
6) Evite a idolatria da música: Lutero alertava para o
perigo de a música se tornar uma forma de idolatria na liturgia, ou seja,
adorar a música em si mesma, em vez de usar a música como um meio para adorar a
Deus. Ele aconselhava a manter a música em seu devido lugar, como um recurso
para servir à adoração a Deus e não como um fim em si mesma.
9. Reflita e responda
Todos estes aspectos
descritos acima foram elaborados levando em conta o que tenho aprendido nesta
caminhada cristã e que também tenho experimentado no serviço à igreja e ao
Senhor na área musical.
Agora, depois de ler este
texto, espereto que consiga ter uma direção para identificar quais aspectos podem melhorar no grupo de
louvor da sua igreja.